CMF sob fogo da oposição por desigualdades, propaganda, desordenamento

Fotos: Rui Marote

A oposição não poupou nas críticas à CMF e à gestão da “Confiança”. Como dissemos já em artigo anterior, tais críticas assumiram, em vários casos, a visão mais sombria possível, contrastando com a do executivo, que é, em contrapartida, radiosa. Raquel Coelho, do PTP, lembrou a má reputação de que os políticos, enquanto grupo, gozam hoje junto de muitos cidadãos, “porque quando se fala em políticos vem logo à cabeça o pior do pior: o enriquecimento ilegal, a tendência de se perpetuar no poder, na apropriação indevida dos bens públicos”, poucas vezes se falando nas pessoas que realmente acreditam e trabalham para a transformação da sociedade.

“Não foi por acaso que assistimos a pessoas com valor humano e político abandonarem esta casa, porque não se reviam na forma de governação da cidade. O caso desastroso da empresa Frente-Mar Funchal é o melhor exemplo disso”, fulminou.

“Eu própria quando penso que já mais nada me surpreende na política eis que o PS/Madeira, travestido de Coligação Confiança, dão um inédito golpe de secretaria, numa tentativa de impugnação das várias candidaturas às eleições autárquicas. Uma vergonha irremediável (…)”, acrescentou logo de seguida.

Segundo Raquel Coelho, “estamos a vivenciar um dos piores quadros políticos no que toca à representatividade. Ao entregarmos o destino da Região nas mãos do PSD, CDS e PS, o debate político ficou mais pobre”.

Ora, na sua perspectiva, “quem ganhou com esta nova dinâmica foi o poder económico que viu reforçada a sua hegemonia, sem a presença de vozes contestatárias aos interesses instalados (…)”.

“Curiosamente, os que mais combateram o regime jardinista foram os que menos reconhecimento tiveram. Esse espaço foi ocupado por toda a sorte de paraquedistas e oportunistas, que se apropriaram dessa conquista, apesar de não terem mexido uma palha para a alteração da correlação de forças na Madeira.  E uma vez no poder trataram de fazer tal e qual o PSD”, acusou.

Considerando que o Funchal “não pode ficar refém da bipolarização”, a trabalhista insistiu em que “existem outros caminhos, outras vias para a governação”.

“Há que mudar o estado das coisas. Muito se fala na qualidade de vida do Funchal, mas borram a pintura, com a descaracterização da paisagem, vítima da fúria do betão. As zonas balneares estão sujas, não havendo qualquer intervenção e controle das descargas que são feitas. A pandemia veio por a nu o grave problema que temos com os sem-abrigo e com os animais errantes”, pressionou.

“O nosso destino não pode ser um Funchal para pobres e um para ricos. Uma cidade onde os ricos ocupam as áreas mais nobres. Com a especulação imobiliária a empurrar o povo do Funchal para as zonas altas” Isto, “enquanto que na baixa erguem-se condomínios de luxo para vender a estrangeiros ou a emigrantes. Mas neste caso os empreendimentos não têm de cumprir com as inúmeras exigências previstas na lei, altera-se o PDM, fazem-se planos de exceção só para permitir a sua construção”.

Raquel Coelho diz que há que acreditar que outro Funchal é possível. “É preciso combater o discurso do conformismo que nos é impingido pelos dois profetas da desgraça, Pedro Calado e Miguel Gouveia. Os arautos do discurso da resignação, pregam ao nosso povo um discurso messiânico, ou eles ou o caos, como se não existisse outras forças capazes de governar a cidade além do PS e do PSD”.

Herlanda Amado, da CDU, também colocou a tónica no calvário de que sofrem ainda os habitantes das zonas altas do Funchal, que se debatem com inúmeras insuficiências; para a comunista, a gestão camarária tem defraudado os habitantes da periferia. E não hesitou em acusar Miguel Gouveia de auto-promoção e atitude propagandística.

Já para Gonçalo Pimenta, do CDS, “nada, ou quase nada”, foi feito, afirmou, considerando o Funchalc como uma cidade “cada vez mais desordenada, cada vez mais suja, e cada vez menos cuidada”, com péssimas taxas de execução dos investimentos, com múltiplas promessas por cumprir, e que necessita de um novo ciclo. Isto, apesar de Miguel Gouveia, pela sua parte, considerar que a cidade atravessa nada menos que “um ciclo virtuoso”.