Vânia Jesus: “A Revolução não é pertença da esquerda”

Fotos: Rui Marote

A deputada Vânia Jesus, em nome do PSD, força maioritária no parlamento e no Governo Regional da Madeira, agradeceu aos homens e mulheres que antes, durante e depois do 25 de Abril de 1974, lutaram para que “hoje possamos comemorar, discursar, reflectir e até criticar”.

Referindo que pertence a uma geração de “filhos da Revolução”, que cresceu após 1974, e que não teve de passar pelos “horrores da ditadura”, nem fugir à PIDE, nem ser presos, nem deportados, nem enviados para a guerra no Ultramar, uma geração que vê a liberdade como um dado adquirido, Vânia Jesus assumiu que é à sua geração e às gerações futuras que cumpre prestar o devido tributo a quem tornou o quotidiano democrático possível.

Salientando os direitos adquiridos com a Revolução dos Cravos, a oradora lembrou as ameaças à paz civil que se viveram durante o chamado PREC, que, referiu, “teve como desígnio a instauração de um novo regime marxista-leninista”, algo que o 25 de Novembro evitou.

“A Revolução não é pertença da esquerda!”, asseverou Vânia Jesus, alertando para o facto de que essa noção proprietária “nega a própria essência da democracia”.

Acusou de seguida partidos de esquerda de nem sempre praticarem a defesa dos direitos humanos que exaltam e de por vezes e lamentavelmente, exaltarem ditaduras, “duvidando até se tais regimes ditatoriais não são democráticos”.

“É”, disse, “o caso da Venezuela”, embora existam outras “ditaduras no mundo que merecem uma reflexão de todos nós”.

“O PSD”, realçou, “orgulha-se de ter assumido desde o 25 de Abril de 1974 um papel determinante na história portuguesa”, sublinhou, realçando a sua luta pela autonomia regional, que trouxe “saúde, escolas, estradas, saneamento básico”, entre outras conquistas.

Abordando também o novo fenómeno da adesão das populações a movimentos de cidadania participativa e um certo cansaço com os partidos, Vânia Jesus encarou tal facto como “um alerta à necessária reestruturação e renovação dos partidos tradicionais na sua forma de acção e nas suas políticas”.

 

Abordando o PAEF e os esforços e sacrifícios que exigiu à população, a palestrante sublinhou que o actual governo regional tem, desde 2015, procurado responder às dificuldades económicas e financeiras de forma a minimizar os seus impactos na população.

Foi uma “revolução” protagonizada pelo actual Governo de Albuquerque, salientou, a consolidação das contas regionais, a priorização da área social, o rendimento devolvido às famílias em sede de IRS, e as medidas de crescimento da economia. Pelo menos, foi isso que advogou. Também considerou uma revolução o parlamento regional ter-se tornado “mais aberto e democrático” e a assumpção de que esta legislatura era aquela em que seria necessário rever o Estatuto Político-Administrativo da RAM.

Terminou esperando que se manifeste verdadeiramente a solidariedade do Estado nas áreas sociais, económicas e financeiras na RAM, entre as quais destacou a concretização do novo hospital da Madeira, entre outras medidas.