Rui Marote

Chegou finalmente a vacina, não dói nada, é só colocar o bracinho e já está! Quem não se recorda da vacina da BCG administrada no Campo da Barca… Dentro de alguns dias, uma febre e o braço com a marca de uma bexiga para o resto da vida. E exclamava o povo, satisfeito: “Pegou!!!”

O Estepilha ainda se lembra da vacina dolorosa, uma dose de cavalo administrada no cumprimento da vida militar. Um ritual que era aplicado á sexta-feira, para os mancebos que iam de dispensa de fim-de-semana recuperarem em casa. Era aplicada em grupos de seis, na “pá das costas”, com uma agulha que parecia uma sovela de coser sapatos. Antes eramos borrifados com tintura de iodo e de seguida aguardávamos tremendo que chegasse a nossa vez de receber a dose cavalar. As agulhas permaneciam enfiadas na pele e retirá-las era tarefa de maqueiro.

O efeito era quase imediato: o braço começava a ficar paralisado, o que tentávamos compensar efectuando  flexões e rotações. Havia até quem esfregasse urina para tentar reduzir o efeito.

Mas 24 horas depois os efeitos eram ainda piores: causadores de alta temperatura que nos deixava esfrangalhados e sem forças para nos levantarmos da cama.

Hoje o pica-pica é quase invisivel  e somos convidados aguardar 30 minutos para abandonar o local de vacinação.

Hoje tudo é diferente. Inclusive o aparato militar e policial, com homens armados com metralhadoras a acompanhar os camiões que transportam as vacinas anti-Covid. Altas medidas de segurança. Só faltam os canhões e mísseis. E os media todos a postos para registar a primeira “cobaia”, na presença das mais altas individualidades. É uma honra ser obsequiado com a primeira dose, até dá direito a uma salva de palmas.

Na Madeira, o “cantinho do céu” agora transformado em inferno covidiano, já se anunciou que será “uma surpresa” o primeiro madeirense a quem irá ser administrada a vacina; “suspense”!

O mundo está de pernas para o ar. Definitivamente, estamos no fim dos tempos, tais são os absurdos. Na Alemanha, funcionários de um lar receberam por engano cinco doses da vacina de uma só vez. As pessoas em questão são sete mulheres e um homem, com idades compreendidas entre os 38 e os 54 anos, que trabalham num lar em Stralsund, no nordeste da Alemanha. Estepilha, não há estirpe que os afecte nem o Corona 20…

Feliz Ano Novo!