António Fournier, o autor e professor universitário madeirense que morreu hoje, conforme já avançámos numa breve, era um estudioso metódico mas também apaixonado, dotado de uma alma de verdadeiro romântico. Tanto mergulhava nos mais densos estudos literários da academia como se deixava cativar pela criatividade e aventureirismo patentes na banda desenhada, como a de Corto Maltese, de Hugo Pratt. Era um homem que tanto se dedicava ao estudo e à divulgação dos vultos mais relevantes da poesia portuguesa, originários da Madeira, como Herberto Helder ou José Agostinho Baptista, como se fascinava como uma criança pela história do comboio do Monte ou pela narrativa do comandante do submarino alemão que bombardeou a Madeira durante a Primeira Guerra Mundial. Era dotado da curiosidade e fascínio que fazem as pessoas definitivamente mais interessantes. A sua morte representa uma grande perda para a Cultura madeirense e não só. Mais do que académico, era um homem amável e que buscava o conhecimento e o melhor modo de expandi-lo e dá-lo a conhecer aos outros. Foi responsável pela divulgação de múltiplos autores madeirenses no estrangeiro, a começar por Itália, onde leccionava na Universidade de Turim.

Escritor, docente, ensaísta, cronista e crítico literário, António Fournier, nascido em 1966, foi professor assistente na Universidade da Madeira, professor da Universidade de Turim, e leitor de Língua e Cultura Portuguesa pelo Instituto Camões na Universidade de Pisa. Foi, ainda, professor de Língua e Tradução Literária na Scuola Superiore di Traduttori e Interpreti da Universidade de Trieste; professor na Facoltá di Lettere e Filosofia da Universidade de Milão; e organizador de múltiplas antologias, promovendo a obra de autores portugueses da Madeira e do continente.

Entre elas, contam-se as seguintes: Nostalgia dei giorni atlantici (2005), Arte de voo (2005), Lusitania Express: 20 storie per un film portoghese (2006), 12 meses no Funchal (2008).

Cortesia do também autor e professor universitário Nelson Veríssimo, nosso colaborador, fica aqui a sua bibliografia, à qual provavelmente ainda se poderia acrescentar mais:

“FOURNIER, António, 1966-, org. Não deixem matar o comboio com asas. Tribuna da Madeira. Câmara de Lobos – Madeira: O Liberal. (16 Ago. 2002). Suplemento especial de 4 páginas dedicado ao comboio do Monte. FOURNIER, António, 1966- Requiem por uma estação. Tribuna da Madeira. Câmara de Lobos – Madeira: O Liberal. (27 Set. 2002). Depósito de carvão da Estação do Comboio, Funchal. FOURNIER, António, 1966- A síndrome de Bartlebly. Tribuna da Madeira: Tribuna da Cultura. Câmara de Lobos – Madeira: O Liberal. 4: 165 (6 Dez. 2002) 4-5. Recensão à antologia Poeti contemporanei dell’Isola di Madera, editada por Giampaolo Tonini em 2001. FOURNIER, António, 1966- Da utopia e do desencanto: para uma leitura de Estórias da Ilha e do Sufoco. Margem 2. Funchal: Câmara Municipal. 14 (Dez. 2002) 23-35. FOURNIER, António, 1966- Da utopia e do desencanto: para uma leitura de Estórias da Ilha e do Sufoco (continuação). Margem 2. Funchal: Câmara Municipal. 15 (Maio 2003) 3-15. 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O FN só pode acrescentar a todos estes dados que a ausência de António Fournier é lamentada e será sentida. À família enlutada, enviamos as nossas condolências.