Os sonhos da juventude em 1960 com  Gabriel Pita e Rui Carita

No dia 10 de maio, serão realizadas, na Escola Secundária Jaime Moniz, duas conferências sobre a irreverência que marcou a década de 1960. Gabriel Pita falará sobre “Os Sonhos de uma Geração” dentro dos novos modelos culturais da juventude e  Rui Carita abordará uma perspetiva mais nacional dos anos 60, analisando os episódios mais marcantes do ano de 61, dentro do que foi a radicalização da oposição ao regime do Estado Novo.

Esta iniciativa foi organizada pelo Projeto “Conta-me Histórias” das professoras Alzira Mendes, Carla Martins, Sandra Sousa e Teresa Sofia Gouveia, no âmbito da XXIV Semana de Clubes e Projetos da escola.

A moda, o carnaval e a documentação histórica insistem para que não esqueçamos as vivências de um passado não muito remoto, reativando tendências ou cultivando gostos na música, na literatura, no cinema. Vivia-se a luta contra um mundo politicamente correto de Guerra Fria internacional, do medo pelo comunismo, da luta pela preponderância mundial.

Os jovens que cresceram depois da Segunda Guerra Mundial e se emanciparam durante os anos 60, quebraram com os hábitos e tradições do passado para adotar uma nova mentalidade, mais livre, embora preocupada com os problemas do mundo e do planeta e, simultaneamente, mais contestatária.

Os baby boomers (nascidos entre 1943-1960) clamaram por verdade e quebraram as convenções sociais estabelecidas, através de uma nova linguagem musical e do uso de roupas que desativaram as classes burguesas conservadoras. A minissaia; as calças boca de sino e os saltos altos tornaram-se símbolos de irreverência e modernização. Produto e produtora de uma nova cultura, a juventude tomou consciência do seu papel na sociedade e celebrizou-se nos movimentos contestatários na Europa e nos EUA. o movimento hippie ganhou enorme visibilidade. Apologistas de uma comunhão com a natureza e defensores de um estilo de vida alternativo, associado à música rock, ao consumo de drogas e ao amor livre, fizeram do slogan “paz e amor” uma das bandeiras do seu movimento.

Este foi também o momento em que a mulher afirmou os seus direitos, para assumir um papel de maior destaque na sociedade.

Depois da Segunda Guerra Mundial, Portugal percorreu um longo caminho até à democracia, embora se tenham simulado alguns momentos de liberalização aparente. Em termos políticos, assistiu-se à organização da oposição democrática. O primeiro grande abalo do regime aconteceu com a candidatura do general Humberto Delgado à Presidência da República, em 1958. A partir deste momento os opositores, na clandestinidade, dinamizaram a luta multiplicando ações, sobretudo no ano de 1961 – o “Ano Negro de Salazar”. O deflagrar da guerra colonial, neste mesmo ano, conduziu ao isolamento internacional do regime, com a condenação da ONU à atuação portuguesa.

Para além das comunicações dos palestrantes, haverá também declamações de poemas nacionais e internacionais desta fase da História e a exploração de vários excertos musicais, testemunhos desta década.