Saúde Mental — plano de prevenção


Quem nunca ouviu a expressão “Mente sã, corpo são”? Esta frase salienta a ideia de que não podemos dissociar a saúde mental da saúde física. O cuidado com a saúde mental foi intensificado no período pandémico devido à imposição de muitos limites sociais e com a quebra de hábitos rotineiros de exercício físico.
Segundo a Organização Mundial de Saúde a saúde é vista não apenas como a ausência de doença, mas como uma situação de “perfeito bem-estar físico, mental e social”, sendo a saúde mental considerada um estado de bem-estar ou a base do bem-estar, no qual o indivíduo “exprime as suas capacidades, ultrapassando eventos stressantes e contribui positivamente para a comunidade”.
A predominância de doenças crónicas não transmissíveis como a depressão — atualmente a principal causa de incapacidade a nível mundial — obriga a uma procura de estratégias que melhorem a qualidade de vida, sendo uma crescente preocupação não apenas na comunidade científica, mas também da população em geral. Estas estratégias  devem desenrolar-se em três diferentes planos de ação: na prática regular de exercício físico; na procura por uma alimentação completa, equilibrada e variada; e por último, mas não menos importante, na melhoria da qualidade do sono.
O exercício físico deverá ser mais comummente definido como um promotor da saúde mental, pois este tem sido, segundo evidencias cientificas, associado a: uma redução dos sintomas de ansiedade e do stress; à melhoria da confiança e consequentemente da autoestima; e à melhoria das capacidades cognitivas. Estes acontecimentos devem-se a libertação de agentes neuromodeladores que criam uma sensação de bem-estar e tranquilidade. Na verdade, todos já sentimos a boa  sensação de bem-estar geral após a prática de exercício físico. Embora alguns estudos indiquem que
os exercícios de atividade moderada a alta apresentem melhores resultados, torna-se fulcral que para chegarmos a esse ponto se parta de um período de adaptação menos intenso, que efetivamente contribuirá em primeiro lugar para o término de um estilo de vida totalmente sedentário.
O sono e o descanso têm também um papel fundamental na melhoria da condição da saúde mental. Este é uma necessidade básica e são normalmente recomendadas 7 a 9 horas de sono diárias para adultos, preferencialmente no período noturno, evitando a desregulação do ritmo circadiano. Sem o sono é muito dificultada a prática de exercício físico, a regulação do humor, e funcionamento normal das capacidades cognitivas não estando reunidas as normais condições para a manutenção da saúde mental.
As boas práticas alimentares, como a alimentação com base na dieta mediterrânica, que tem sido associada a um menor risco de desenvolver depressão. São defendidas como promotoras da saúde mental em vários estudos, pelo seu impacto positivo no sistema nervoso central. Pelo oposto, determinadas carências nutricionais têm um impacto negativo na saúde mental da população. A falta de determinadas vitaminas pode levar à disfunção do sistema nervoso central, influenciando de forma negativa a formação dos neurotransmissores como a serotonina e dopamina, aumentando os níveis de stress, que podem provocar alterações de humor, acelerar o envelhecimento e o declínio das funções cognitivas.
Resumindo, a saúde mental é a base do nosso bem-estar, e é importante que, por não existir nenhuma intervenção médica específica na prevenção da doença mental, se adotem medidas de  melhoria do estilo de vida: praticar exercício físico regularmente, ter boa qualidade de sono e uma alimentação saudável.