Na sequência de um artigo ontem publicado no FN, intitulado “Património religioso degrada-se pouco a pouco vivendo das esmolinhas”, este jornal online ficou a saber que a Diocese tinha planos para tapar o tecto de um edifício que se encontra devoluto na Rua do Bispo, paredes meias com um dos mais importantes museus madeirenses, o Museu de Arte Sacra.
O prédio em questão foi sede de diversos movimentos católicos, e encontra-se encerrado há muito. Tem algumas janelas semi-abertas. Quanto ao telhado, esse está totalmente destruído.
Há um ano atrás, soubemos, os responsáveis pelo património da Igreja Católica quiseram realizar uma cobertura provisória, para que o interior do edifício não se danificasse. Pediram, para tal, uma autorização à Direcção Regional de Cultura. Mas não apresentaram qualquer projecto até aos dias de hoje. Cá fora corria que a DRC não autorizou, o que no entanto não corresponde à verdade.
O FN interroga-se como seria essa cobertura: em chapa de “zinco” ou “lusalite”, eternizando ao longo dos anos o mau estado do património, como uma cópia do Seminário na Calçada da Encarnação?
Em todo o caso, mesmo que tal cobertura do prédio devoluto impedisse que a chuva causasse danos ao seu interior, o essencial não fica acautelado. Ou seja, este prédio está abandonado, sem ninguém que o frequente. Qualquer foco de incêndio que eventualmente nele se declare, por exemplo devido a indivíduos que se introduzam lá subrepticiamente, ameaçará todo um quarteirão histórico. E será que temos de insistir na importância do edifício do Museu de Arte Sacra, antigo Paço Episcopal, datado do século XVI? Ou na relevância das suas colecções de arte flamenga, pintura, escultura, ourivesaria ou paramentaria? Faz sentido manter nas suas proximidades uma “favela”, um prédio abandonado e eventualmente “remendado?” Não é todo este património do interesse de todos os madeirenses? E é assim que a Igreja acautela as suas próprias colecções? Ficamos perplexos…