Ana Gomes diz que houve fraude na Zona Franca, Pedro Calado indigna-se

A eurodeputada socialista Ana Gomes voltou esta semana a apresentar novo relatório demolidor para os benefícios fiscais do CINM.

Foi uma das questões marcantes do dia: a antiga eurodeputada Ana Gomes, actual candidata à Presidência da República, esteve hoje na Madeira já a desenvolver pré-campanha e comentou a decisão da Comissão Europeia que arrasa com a Zona Franca da Madeira, considerando que o Estado terá de fiscalizar umas 300 empresas que receberam subsídios acima dos duzentos mil euros. Porquê? Porque a dita Zona Franca não terá gerado emprego como previsto, cabendo então ao Estado português apurara responsabilidades e devolver as verbas europeias concedidas.

Sem surpresa, Ana Gomes, que esteve na base das denúncias às supostas ilegalidades cometidas no CINM considerou, de facto, fraudulentos os alegados empregos criados, e que, segundo diz o Governo Regional, situam-se por volta dos seis mil. Para a candidata, é legítimo que a Madeira queira ter uma praça financeira competitiva, mas já não o são as actividades que classifica como ilegais. Ana Gomes citou empregos que foram criados “nas ilhas Caimão” e não na Região, e defendeu o apoio a empresas que criem verdadeiros postos de trabalho na RAM, impulsionando de facto a economia. Considerou, por outro lado, que “é uma desculpa de mau pagador” a daqueles que invocam que a despesa fiscal do CINM é “técnica”, viabilizando a fixação de empresas na RAM ao ínvés de noutras praças financeiras concorrenciais.

O vice-presidente do Governo Regional, Pedro Calado, reagiu por seu turno com a habitual indignação às declarações de Ana Gomes, nomeando “essa senhora” que, disse, arranjou tempo para vir agora à Madeira “mentir descaradamente”, mas não para “ao menos” visitar o CINM, onde se poderia “inteirar de viva voz” (sic) do modo como, em seu entender, aquela praça financeira gera de facto lucros para a Região e também trabalho, declarou, voltando a citar os tais “seis mil empregos”.