Fica situada numa área estratégica: junto à baía da cidade de Machico. Data do século XVIII e tem muito que mostrar ao visitante. No entanto, pasma-se com as portas permanentemente encerradas e desconhece-se o destino que as entidades responsáveis pelo património edificado – que saia fora do perímetro da cidade do Funchal – pensam dar a este imóvel que se degrada na sua clausura e abandono.

O FN volta a inserir no seu périplo pelo património da Madeira a Capela de São Roque. Um emblemático imóvel religioso que poderia constar do roteiro cultural dos turistas e madeirenses e que se encontra fechado. Seria útil que os responsáveis pelo património divulgassem as suas medidas de intervenção para este edifício sacro, assim como para outros. É que, para além das festas da cidade do Funchal  e teatro, bem como eventos culturais de boa visibilidade turística, a visita ao património edificado também merece igual tratamento.

O Largo de São Roque é um dos recantos mais aprazíveis da cidade de Machico, amplamente visitado quer pelos locais quer pelos turistas, tanto mais que, junto à Capela, está o Hotel Dom Pedro. Uma área que bem precisa de outro dinamismo empresarial e cultural. Estando abandonada, e sendo um espaço mais reservado à noite, serve de refúgio a toxicodependentes e outra clientela.

O padre Martinho, que antecedeu o atual pároco de Machico, desenvolveu um grande trabalho de recuperação e abertura da Capela de São Roque, com a colaboração generosa do povo de Machico. Depois disso, nada mais. Falta primeiro a sensibilidade a quem de direito para esta vertente que é a cultura, e depois as verbas para restaurar o templo.

O FN tentou ouvir o presidente da Câmara Municipal de Machico mas não obteve resposta. A Capela de São Roque deverá estar sob a alçada da Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura, cujo rol de imóveis históricos por revalorizar e abrir ao público – com limites, é certo – é extenso.

O FN reproduz os dados da Capela de São Roque, inscritos no site da Câmara Municipal de Machico.

“Localização: Caminho de São Roque / Largo de São Roque

Categoria: Edifício Isolado Tipologia: Arquitectura Religiosa

Descrição: Planta composta por uma nave e capela-mor rectangular desenvolvendo-se segundo um eixo longitudinal, estando adossada a Este a sacristia. Fachada principal virada a Norte terminada em empena e rematada por uma cornija em cantaria com cruz. Nela se rasga um portal em cantaria mole, de gramática barroca, em arco pleno sobre pilastras e encimado por um frontão curvo interrompido, ladeado por duas janelas engradadas com molduras em cantaria rija. No centro da empena abre-se um óculo redondo. Do lado direito desta fachada encontra-se a pequena torre sineira, em cantaria, de formato rectangular terminada em empena. Um banco em cantaria vermelha corre toda a fachada até aos degraus que dão acesso à porta da sacristia virada a Norte. Nos alçados laterais da ermida encontramos quatro gárgulas quadradas com as arestas biseladas, formando um octógono de faces irregulares. Na parede Este da capela-mor rasga-se uma fresta.

No interior da nave e ousia existem notáveis azulejos azuis e brancos, hagiográficos (com a história da vida do santo), dos meados do séc. XVIII. O coro alto é de madeira apoiado em duas colunas quadradas com plinto. No lado do evangelho existe um púlpito em madeira pintada. Arco triunfal em cantaria de arestas “biseladas”, tecto de madeira, de perfil curvo, com pinturas de motivos vegetalistas.

A capela-mor exibe um interessante retábulo barroco, de boa execução, em talha policromada datado de 1751. Possui um tecto de madeira de perfil curvo pintado com decoração vegetalista, tendo cartela a seguinte inscrição: “Eris in Peste Patronus”. A sacristia possui tecto de masseira e apresenta numa parede restos de revestimentos cerâmicos do tipo “maçaroca” do séc. XVII. A ermida é construída em alvenaria de basalto rebocada e caiada, possuindo uma cobertura de duas águas na capela e de três na sacristia, de telha de canudo.

Época de Construção Inicial: Séc. XVIII.

Inventário do Património Imóvel do Concelho de Machico, ARCHAIS”.