O empresário madeirense Avelino Farinha assegurou hoje no parlamento madeirense que todas as obras realizadas na Madeira foram “ganhas por concurso internacional”, pelo que não falta “transparência” em todo os diferentes projectos executados na Região pelo grupo a cujo Conselho de Administração preside.
Avelino Farinha falava na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre “O favorecimento dos grupos económicos pelo Governo Regional, pelo Presidente do Governo Regional e Secretários Regionais e “obras inventadas”, em face da confissão do ex-Secretário Regional Sérgio Marques, em declarações ao Diário de Notícias,…» [de Lisboa] «…susceptível de configurar a prática de diversos crimes”.
“Todas as obras foram ganhas pelo preço mais baixo. Não tenho memória de termos ganho uma obra sem ser pelo preço mais baixo”, insistiu.
Recordando que a empresa fundada há 42 anos emprega mais de 4 mil trabalhadores, sendo que 1.500 trabalham na Madeira, Avelino Farinha disse que aproximadamente “80% da carteira de obras Grupo AFA é fora da Madeira”, grande parte realizada em Angola, onde a empresa tem vindo a crescer e a apresentar resultados positivos.
O Grupo AFA factura actualmente cerca de 300 milhões de euro por ano, 200 milhões através da AFAVIAS, empresa responsável pelo negócio da construção civil e das grandes obras, refere, a propósito, uma informação da ALRAM aosss órgãos de comunicação social.
Quando confrontado com o relacionamento que tinha o ex-secretário regional Sérgio Marques, afirmou que “nunca houve qualquer atrito, nem nunca percebi isso”. E sobre a saída do ex-governante do Governo Regional, declarou que “o senhor presidente do Governo nunca me pediu opinião sobre nomeações ou demissões”.
Acerca do processo judicial do Grupo AFA contra o executivo madeirense por causa dos atrasos no pagamento, Avelino Farinha explicou que os 55 milhões de euros que o Governo Regional teve de pagar eram referentes a juros.
“A dívida do Governo com a AFA era de 315 milhões de euros, em 2011. Nós pagávamos à banca mais de 2 milhões de euros em juros para podermos continuar com as obras”, relevou.
Garantiu ainda que no acordo celebrado com o Governo madeirense, cujo processo de pagamento ficou concluído em 2017, o empresário garantiu que Pedro Calado “não teve qualquer participação” no processo negocial.
“A Madeira não tem nada de se envergonhar das empresas que tem”, considerou o empresário.
Por outro lado, disse que todos têm maus dias – “dias de burro”, foi a expressão que utilizou – declarando que provavelmente foi isso que aconteceu ao ex-governante Sérgio Marques, quando prestou as declarações polémicas que prestou ao Diário de Notícias de Lisboa.
A comissão de inquérito, pedida pelo PS, é presidida por Adolfo Brazão, deputado do PSD, tem como relatora Clara Tiago, do PSD, o vice-presidente é Rui Caetano, deputado do PS, e o secretário deste grupo de trabalho é Victor Freitas, deputado do PS.