A Iniciativa Liberal veio denunciar “um problema dramático, sobretudo para os doentes insuficientes renais, que se arrasta há muitos anos, (tempo demais), com graves implicações na sua qualidade de vida, além de constituir um lamentável exemplo de enorme desrespeito pela sua dignidade, lesivo da sua auto-estima, quiçá revelador de um desumanismo incompreensível, politicamente insustentável”. Trata-se do acesso à hemodiálise.
“Há, na Madeira, muitos doentes insuficientes renais, cuja sobrevivência e qualidade de vida depende, em larga medida, de um bom acesso e eficácia dos tratamentos de hemodiálise, quer no Hospital Central (público) quer nas Unidades que a NephroCare (sistema privado convencionado) dispõe no Funchal e Machico”, refere Nuno Morna, da comissão coordenadora da IL.
“São mais de 200 doentes!, a maioria dos quais com idades superiores a 60 anos, isto é, de um grupo etário reconhecidamente mais frágil e sujeito a mais problemas e complicações, caso as sessões de hemodiálise não sejam efectuadas adequadamente. Apenas pouco mais de um terço tem idades compreendidas entre os 20 e os 60 anos”, refere.
“Em contraste com as boas práticas, na Madeira, quase 50% dos doentes efectua os seus tratamentos de hemodiálise por via de um cateter venoso central… uma calamidade já que, de acordo com as boas normas em todo o mundo, o uso destes cateteres venosos (temporários) não deve ultrapassar um universo de 10-15% de doentes; em regra, pessoas mais idosas, com um património vascular mais delicado, com acrescidas dificuldades para a construção de um acesso vascular subcutâneo”, acrescentam os liberais.
Porém, ocorre que o Hospital Central do Funchal nunca deu uma boa resposta ao problema dos Acessos Vasculares para Hemodiálise, sendo o principal responsável por esta triste realidade em que os doentes renais permanecem indefinidamente com cateteres venosos no pescoço.
“Por norma, e segundo a lei, compete-lhe realizar as cirurgias destinadas à construção dos Acessos Vasculares subcutâneos – Fistula (FAV) ou Pontagem arteriovenosa (PAV) -, bem como assegurar o seu bom funcionamento, por forma a garantir a eficácia das sessões de hemodiálise, seja no sector público ou no sector convencionado”, diz Nuno Morna.
No contexto nacional, assegura a IL, a Madeira apresenta um dos piores cenários nesta matéria, sendo um péssimo exemplo, com dezenas e dezenas de doentes forçados a viver com um cateter venoso central no pescoço, com todos os inconvenientes, riscos e problemas.
“Acresce que este drama acarreta custos mais elevados, uma vez que os cateteres são caros, tem de ser frequentemente substituídos, e são mais propícios a infeções, além de ofenderem o património vascular com tromboses, dificultando ainda mais a possibilidade de sucesso de uma cirurgia para a criação de um acesso vascular subcutâneo”.
Esta, para o partido, é “uma triste realidade, que envergonha qualquer sistema de saúde, para além do drama e do acrescido sofrimento suportado pelos doentes insuficientes renais, cuja única opção é sujeitarem-se para poder sobreviver”.
“É urgente que não se desperdice mais tempo com novas promessas, remendos ou desculpas. O SESARAM nada fez ou faz, há muitos anos, para ver esta situação resolvida. Urge uma resolução política e operacional efectivamente capaz de dar resposta ao problema dos Acessos Vasculares dos doentes insuficientes renais em hemodiálise, desesperados há tempo demais, a sofrer sem dó nem piedade, com uma qualidade de vida deplorável”.