Novas Temporadas Artísticas

Normalmente as novas temporadas artísticas, têm um espaço temporal ativo que vai, do mês de setembro, ao mês de julho. São 11 meses de um ciclo de propostas planeadas com a devida antecedência, rigor e expetativa.  Algumas estruturas culturais e artísticas, têm até por hábito, dar a conhecer publicamente o conteúdo das suas novas temporadas, organizando um evento específico para o efeito.  Por vezes, são mesmo realizadas apresentações com toda a pompa e circunstância. E ainda bem que o fazem, porque a arte e a cultura, é para ser do conhecimento e usufruto geral, para que seja uma festa vivida na sua plenitude.

No entanto, julgo que ao desenhar-se um plano de uma temporada artística – cultural, há que incluir, inevitavelmente, projetos, produções, coproduções e intervenções de agentes culturais locais, de forma que se contribua, efetivamente, para o desenvolvimento de todos os envolvidos. Há que acolher a criação de projetos de natureza artística e cultural nas mais diversas áreas, dos jovens artistas locais, para que os mesmos não se vejam obrigados a apresentar os seus trabalhos, somente, fora das suas localidades, ou então ficarem, simplesmente, votados a um canto, perdendo-se, desta forma, um conjunto de ideias criativas.

É claro que os projetos vindos de fora, são igualmente, de uma grande importância para o conhecimento, fruição e desenvolvimento dos diferentes tipos de públicos locais. O que não pode acontecer, é que o sentido seja quase sempre recebermos imensos projetos do exterior e os nossos raramente têm a oportunidade de serem mostrados lá fora.

Os responsáveis pela elaboração das temporadas artísticas das estruturas, devem ter sempre em conta, diversos fatores fundamentais para que a prática cultural se desenrole com a maior eficácia possível. Para começar, todos os espaços culturais, precisam de respirar – tal como nós. Pois, não é nada aconselhável, ter uma atividade totalmente preenchida, sobrecarregadíssima com eventos.  Há que existir na agenda cultural, momentos livres para a devida manutenção periódica, os ajustes técnicos e a adequada higienização dos espaços. Pois com eventos a acontecer uns em cima dos outros, torna-se inconcebível uma eficaz gestão cultural.

Em segundo lugar, a programação dever ser pensada, sem sobrecarregar as equipas técnicas, de forma a evitar-se o agravamento de stress, de descontentamento e o comprometer um bom e necessário ambiente de trabalho.

Finalmente, para termos uma eficaz temporada artística, a mesma, deve procurar conter uma oferta de manifestações diversificadas, que vá ao encontro das expetativas dos diferentes públicos, das diferentes faixas etárias e especificidades.  Pois, o verdadeiro destino final, do conteúdo de uma temporada artística, é sempre o público. E como sabemos, sem público interessado, não há espaço ou estrutura cultual que sobreviva dignamente.

Penso que só assim, é que poderemos falar numa verdadeira política ativa de apoio e de acesso à cultura e demonstrar uma preocupação mais urgente sobre a sustentabilidade e resiliência artística e cultural de cada localidade.