Pedro Calado acima das críticas ao lobbie dos grupos empresariais sobre a Câmara: “Não tenho nenhum estigma contra o setor privado”

Foto André Ferreira.

O facto de ter vindo do setor privado – Grupo AFA – dá origem a críticas junto de alguns quadrantes de opinião que apontam o dedo ao presidente por, eventualmente, estar a ceder aos lobbies empresariais. Resulta desta circunstância a questão: quem manda na CMF, Pedro Calado ou os grupos empresariais? O presidente da autarquia replica: “Eu não tenho qualquer problema com nenhum lobbie. Eu sou apologista do setor privado, sou apologista da defesa do setor público, sou apologista do investimento e da criação de postos de trabalho. Agora, há uma coisa que não contem comigo: estar a criar uma sociedade em que o Estado ou a função pública seja cada vez maior ou gordinha para fazer com que as pessoas paguem cada vez mais impostos para alimentar monstrinhos que são ineficazes, em termos de gestão pública, para isso não contem comigo. Há áreas onde, quem tem de fazer a criação de investimento e postos de trabalho, é o setor privado. Agora, tenho muito orgulho de conhecer muito bem o setor privado e o setor público. Não tenho nenhum estigma contra o setor privado. Sou o primeiro a acarinhar todos, o setor público e também o privado. É o setor privado que que cria investimento e postos de trabalho nas cidades e nas regiões, é ele que paga impostos e é ele  que permite que as administrações públicas tenham dinheiro para fazer investimento público. Agora, querer  defender os trabalhadores e a criação e postos de trabalho e criar mais impostos para que as empresas privadas não consigam subsistir é um contrassenso”.

Não há almoços grátis e a opinião pública também sabe que os grupos privados apoiam mas exigem contrapartidas. Haverá pressões ao poder autárquico? Calado considera que está acima desses jogos. O que prevalece é a lei. “Pressionam como? A legislação é só uma. Não há legislação para defender A ou B. No urbanismo, por exemplo, na cidade, só há uma lei. Ou os projetos estão de acordo coma lei, e faz-se, ou não estão, e não se fazem. Não gostam, vão para tribunal. O que certas pessoas não gostam é que os privados desenvolvam muita construção e tenham muita atividade. Eu digo: ainda bem! É sinal de crescimento económico, porque é com essa riqueza que se vão criar postos de trabalho. Dou um exemplo concreto: no Funchal, criou-se um estigma contra a construção do Hotel Savoy. Se não fosse aquela construção, ainda hoje teríamos um buraco em plena Avenida do Infante. Eu lembro-me bem como era aquele buraco, só com ratos, lixo e problemas de esgotos e saúde pública. Passem hoje lá e vejam quantos postos de trabalho foram criados, centenas… aquele investimento aumentou também o nível qualitativo das outras unidades hoteleiras, e hoje vemos os grupos hoteleiros a seguir aquele patamar de excelência e qualidade. É para isto que o setor privado existe e faz funcionar as economias. Desde que esteja dentro da lei, ótimo. Hoje, o Savoy está de pé, construído, toda a gente fala bem do Savoy e admira”.