Por norma ouve-se falar de uma vantagem dos manuais digitais: o peso nas mochilas. Uma vantagem expressa num argumento que funciona para os pais. E parece-me um bom argumento. Imaginem o que é terem de transportar em formato físico todo o material que armazenam dentro dos vossos dispositivos eletrónicos! Mas há muitas mais vantagens. E como tudo – mas mesmo tudo – na vida, também há desvantagens. Ora, mas é uma ferramenta que temos disponível e seria um erro tremendo não a aproveitar, mesmo enfrentando todos os ceticismos iniciais (não da minha parte, pois). Vou aqui elencar algumas vantagens didáticas:
1ª Todos, mas mesmo todos, os materiais podem ser partilhados com quem quiserem. Imaginem o que é trabalhar colaborativamente com outros professores. Se num grupo de 5 professores cada um criar 5 questões de escolha múltipla e as partilhar, o professor fica com 25 questões que pode selecionar automaticamente para fazer testes ou exercícios nas aulas.
2º Potencializa – e muito – a diversidade de ritmos de aprendizagem. Por exemplo eu que gosto de gravar áudio posso gravar um ficheiro (quem não gostar pode usar um já gravado pois há muitos nas plataformas digitais dos editores) com uma explicação teórica. E enquanto alguns alunos ouvem (com auscultadores) os ficheiros, o professor pode estar num outro grupo mais restrito a trabalhar texto com que apresentem maiores dificuldades.
3º O professor pode, na hora, criar uma ficha para os seus alunos. Pode, por exemplo, criar um Quizz para terminar os últimos 20 minutos de uma aula de forma lúdica. Se for ainda pouco ágil com as plataformas poderá preparar previamente. Caso contrário pode mesmo preparar na hora, usando os recursos disponíveis.
4º Pode-se recorrer a qualquer material que o aluno visualiza no imediato, desde mapas, imagens, áudio ou vídeo.
5º A aprendizagem do aluno pode ser monitorizada just in time, pois o professor tem o feedback no seu ecrã dos progressos de cada um.
6º para avaliações intercalares as plataformas (umas melhores que outras) disponibilizam informação do progresso dos alunos. Vamos supor que a avaliação da Unidade 3 é mais fraca que a da Unidade 2. O professor poderá insistir mais na unidade na qual verificou maiores dificuldades pois ao trabalhar colaborativamente está a recorrer a um algoritmo que auxilia o trabalho de avaliação e o revela mais rigoroso pois é fundamentado em dados.
7º a abrangência de materiais propostos aos alunos para avaliação é mais alargada. Vamos imaginar uma situação em que um aluno tem dificuldade em apresentar publicamente um trabalho. Pode-se, na plataforma, pedir ao aluno que grave um ficheiro áudio (ou vídeo) e que o publique para avaliação do professor. Afinal, não temos de ter todos os mesmos talentos, temos é de usar ferramentas diversificadas que avaliem com uma maior abrangência.
8º O conhecimento não é uma propriedade privada, mas um património humano da e para a humanidade. Usar os melhores canais para o comunicar e divulgar é uma das maiores missões da escola. Os meios digitais democratizam a disseminação do conhecimento, tornando-o presente a todos ultrapassando o método clássico da oralidade solipsista.
9º Financeira. Sim. É verdade! Com os manuais digitais apenas precisamos de um dispositivo eletrónico. E não precisamos de um dos mais caros. Um Chromebook, um tablet (que pode começar nos 150€ a 1000€) pode fazer um ciclo de ensino inteiro.
10º Esta é mais problemática, mas pode ser mais amigo do ambiente se soubermos poupar e usar bem os recursos.
Como referi poderia aqui elencar as desvantagens. Creio que as desvantagens são mais intuitivas, pelo menos para os mais conservadores. Portanto, interessou-me, por agora, enunciar algumas das principais vantagens.
Nota final: os manuais digitais estão a ser implementados na RAM, uma iniciativa da SRE-DRE e do Governo Regional.