Viagens: Bukhara, centro da civilização persa

Aterrei em Bukhara a bordo de um avião Airbus A-321 Neo da companhia aérea do Uzbequistão, completamente superlotado. Uma viagem com a duração de 50 minutos. A maioria dos passageiros eram alemães, e um lusitano, Rui Marote e mais nenhum.

Não é fácil obter transporte de Khiva para Bukhara: por estrada são 480 km rodando no deserto, cerca de 7 horas. É como estar numa fornalha. Quanto a avião, há dois directos semanais. A outra solução é regressar a Tashkent, o que leva a repensar a melhor maneira.
Mausoléu de Samanidoy
Quanto a comboio, os mesmos são de carga e demoram seis a sete horas. Bukhara é a quinta cidade do Uzbesquistão, com uma população estimada em cerca de 237.900 habitantes.
Possui edifícios com mais de mil anos e no auge do comércio da Rota da Seda, era um dos centros islâmicos mais importantes do mundo.

No século VI a.C., era o centro da civilização persa, considerada por alguns especialistas uma escola de aprendizagem, de estudos islâmicos, até o Islão se tornar a religião dominante. Ainda hoje apresenta aspectos que remetem para os diferentes períodos com influencias árabes, persas, mongóis ou samânidas.

Classificada como Património Mundial da UNESCO, a cidade está dividida em duas partes, a zona histórica e a zona nova. A maior parte da população ocupa a cidade nova, mas as atracções naturalmente concentram-se na mais antiga.
A Arca de Bukhara é uma fortaleza notável que foi muitas vezes destruída e subsequentemente construída. Mantinha os governantes em segurança e era usada como fortaleza real. Lá dentro, podemos encontrar a mesquita de Kalon, bastante bem preservada, e  um museu.

Várias madrassas, ou seja, escolas islâmicas, em tempos áureos tinham muitos estudantes que levavam décadas a concluir os estudos para tornarem-se imãs.

A Madrassa de Mir-l-Arabi terá sido a única escola religiosa em toda a União Soviética autorizada após a Segunda Guerra Mundial, e que ainda hoje está em actividade.

Com a entrada proibida aos “infiéis”, resta-nos admirar as suas formas arquitectónicas do lado exterior e a cúpula azul.
A “Arca de Bukhara”
São imensos os minaretes. Destaco, como visita obrigatória, o de Kalyan, construído em 1127 com tijolos de terracota  é também conhecido como a “torre da morte”. Nome apropriado, pois durante séculos, era aqui que eram executados os bandidos: eram simplesmente atirados do cimo do minarete.
O exterior das muralhas
Outra visita obrigatória, única na Ásia Central em termos de arquitectura e valor cultural é o Mausoléu de Mavzoley Samanidoy construído no século X e situado num belo parque.
Interior do Mausoléu
Na cidade velha, visitei uma pequena galeria de fotografia situada numa antiga caravanserai. As imagens retratam cenas da vida quotidiana uzbeque do fotógrafo Shavkat, que faleceu em Março deste ano. Aproveitei para deixar uma mensagem no livro de honra, a este colega de profissão.

O estúdio de fotografia…

…e o próprio fotógrafo…
Em termos de arquitectura, é unico na Ásia Central e tem valor cultural, este Mausoléu de Mavzoley Samanidov, que foi construído no século X. É ali que está o túmulo de Ismail Somon, um dos poucos edifícios mais antigos que restam do Império Samânida, o primeiro estado de origem iraniana a controlar a Ásia Central.

Afastado do centro turístico, o Mausoléu de Mavzoley Samanidov e um óptimo local para fugir aos restantes visitantes e mergulhar numa zona onde as famílias locais se concentram para passear e fazer piqueniques.
Um vendedor…
…e um artista
Construído por volta de 892 escapou à fúria do famoso conquistador Genghis Khan. Terá sido enterrado na lama e só há menos de 100 anos foi redescoberto. Bukhara é talvez a cidade mais popular do Uzbequistão: está as portas do deserto Kyzyi  Kum, e encontra-se repleta de edifícios e monumentos históricos.
Complexo de Lab-i-auz
O nome do complexo significa “Lago”