Teófilo Cunha enaltece ciência como orientadora das decisões políticas

O secretário regional de Mar e Pescas, Teófilo Cunha, encerrou o “I Encontro do Mar… um mar de oportunidades” solicitando o contributo dos investigadores em esclarecimentos aos políticos para que estes “tomem as decisões mais acertadas no âmbito das políticas marítimas”.

O governante discursava na derradeira sessão de encerramento do supracitado encontro, evento que durante dois dias discutiu no Colégio dos Jesuítas, no Funchal, a economia do mar.

No mesmo, segundo dá conta a Secretaria tutelada por Teófilo Cunha, foram apresentadas 15 comunicações, projectos e trabalhos científicos.

Na sua alocução, o orador sustentou que “uma boa decisão política, é aquela que é alicerçada com base na ciência e no conhecimento”.

O governante diz que há agora “uma espécie de chavão” em relação ao mar, nota que “toda a gente fala do mar”, mas recorda que já D. João, D. Afonso III e D. Manuel I sabiam disso. “No entanto”, adiantou Teófilo Cunha, “500 anos depois voltamos a olhar para o mar, mas não deixo de ficar perplexo quando vejo um Plano de Recuperação e Resiliência que de um total de 16,6 mil milhões de euros, destina apenas 1,6 mil milhões de euros ao mar quando ele já representa para a Região 10% do PIB e 5% ao nível nacional.”

O secretário regional diz que “esta não é a forma de olhar” para a política marítima. “O mar foi outra vez deixado de lado”, apontou, recordando que a Madeira foi região pioneira no país e até no plano mundial, com projectos como a central dessalinizadora do Porto Santo, há mais de 40 anos, com a produção de peixe em cativeiro, em mar aberto, com as primeiras instalações de aquacultura na Baía d’Abra, no Caniçal, há 25 anos, e através da criação de áreas marinhas protegidas, algumas com 50 anos de existência, e dos recifes artificiais.

Teófilo Cunha agradeceu a participação de todos os oradores, congratulou-se com a qualidade das intervenções e lançou um repto aos privados que operam em todas as actividades ligadas ao mar. “Não poderá ser o governo regional e as câmaras a fazerem tudo”, disse. “Não devem ter medo de arriscar. Há uma responsabilidade das empresas que também têm de trabalhar e inovar para melhorar a nossa economia.”

Por seu turno, a directora regional do Mar (DRMar), Mafalda Freitas, foi uma das prelectoras, tendo abordado precisamente a economia azul. Seguiram-se reflexões sobre as regiões insulares e os desafios de uma política marítima; o contributo da ACIF para a economia azul; a capacitação dos cidadãos para o mar; navegando num mar de homens, o testemunho de uma jovem armadora, Joana Reis, natural de Câmara de Lobos, licenciada e que cativou a plateia; Buggy Power: um futuro tornado realidade, através da produção de algas e do seu aproveitamento na alimentação (já há cerveja e bolo, por exemplo), mas também produtos para a saúde, beleza e alimento de peixe em cativeiro; O Centro de Química da Madeira e os trabalhos que desenvolve com ligações ao mar e à saúde; o Kids Dive, um projecto interessante que cativa os jovens para o mar, para o que está abaixo da superfície; o programa Escolas Azuis da Madeira, que está em crescendo e é uma das mais importantes sementeiras da DRM para a literacia do oceanos; o mar profundo da Madeira e os projetos da Fundação Rebikoff-Niggeler; novos recursos: o caso da gamba da Madeira; investigação no mar: os 25 anos de aquicultura e os projectos em desenvolvimento no Centro de Maricultura da Calheta; uma ilha, um recurso, 40 anos da central dessalinizadora do Porto Santo; a investigação meteo-oceanográfica da Região, através da ARDITI; a importância da monitorização marinha em contexto de alterações climáticas, investigação do MARE – Madeira.