Estepilha: venha o “festeiro” mais vezes

Rui Marote
Estepilha depois do banho por três funcionários da edilidade com água e sabão ao monumento do Emigrante esta manhã, o Palácio de São Lourenço exibiu novas “vestes” substituindo as encardidas.
Trata-se das novas colgaduras que só esta manhã chegaram do “rectângulo”.
Mais uma historieta para a colecção, evocada por estas vistas: tinha os meus dez anos e frequentava a escola da Rua da Carreira, com os professores Barreto e Trindade, quando a escola foi convidada para receber o General Craveiro Lopes, presidente da República, que visitava o arquipélago da Madeira de 30 de Maio a 2 de Junho de 1955.
A minha escola ficou posicionada na Avenida Zarco. Recordo terem sido distribuídas bandeirinhas de Portugal para acenarmos ao mais alto magistrado, e pétalas de flores para lançarmos à sua passagem. Lembro ainda o cais exibindo um grande arco revestido do tradicional buxo, ostentando na parte superior a palavra “Benvindo”.
Hoje alguma coisa mudou. As bandeirinhas e as pétalas são coisas do passado, porém ainda usadas em países lusófonos. O Te-Deum mantém-se, no entanto, e o banquete no palácio.
No entanto há outras novidades: deslocam-se do continente forças blindadas, uma fragata e aviões  de caça… Tudo em nome do Dia de Portugal de Camões e das Comunidades.
Estepilha, tudo ficou por conta (despesas) da presidência da República, até os operários da montagem das tribunas e todo o “mobiliário” vieram do Terreiro do Paço. Os madeirenses parecem ser incapazes de montar estas infraestruturas, embora sejam peritos em bancadas da Festa da Flor e do Carnaval. Até foram testados ao Covid-19 três vezes.
Seja bem-vindo Sr. Presidente, venha mais vezes, porque estamos de braços abertos para recebê-lo e os nossos clamores serão escutados para que o aeroporto não se encerre por ventos cruzados e a porta esteja sempre aberta.
Já agora recomendamos uma verbazinha à Camara do Funchal para repor a calçada portuguesa destruída pelo peso das viaturas na placa central e à entrada do cais. Se não for possível, recomendamos que venham cá calceteiros de Lisboa, que já não é a primeira vez…