Os números estão a subir. Não há como negar. É impossível, para além de infrutífero.
Agora de quem será a culpa?
Quem escolheu quatro convivas diferentes para jantar, em cada sexta e sábado dos últimos meses, acabando por estar sentado a uma mesa, sem máscaras, com um total de dezenas de pessoas, ao arrepio de tudo o que é razoável?
Quem reservou três mesas num restaurante, assim juntinhas, para poder albergar o grupo de quinze pessoas?
Quem assinou um termo de responsabilidade, como eu vi, para poderem estar oito pessoas sentadas na mesa de um belo brunch?
Quem obrigou os estudantes, residentes e emigrantes a fazer confinamento em casa e nem sequer providenciou por ter um agente da autoridade em cada domicílio?
Quem obrigou os adolescentes a sair até às horas permitidas e, nas de speakeasy, fazer festas na casa deste e daquele ou mesmo em descampados nas serras, sem lhes dar a adequada educação sobre o respeito pelo próximo e pela comunidade?
Quem obrigou a fazer festas, encontros, matanças de porco?
Quem decidiu ver o fogo nas casas uns dos outros, bem coladinhos, em modo Sinatra, cheeck to cheeck?
O Governo. De caras.
A culpa não é tua. Não é dele. A culpa não é minha. Não é de todos nós – que em diferentes medidas, é certo – não fizemos exatamente o que deveria ser feito.
A culpa não é daqueles que replicam sarcasticamente o “está tudo controlado”, quiçá com um desejo negro que nem Freud explicaria, e se esquecem que, se as normas – e o seu espírito-, fossem escrupulosamente cumpridas, estaria ainda mais controlado.
A culpa não é minha. Não é dele. A culpa não é tua.
A culpa é do Governo.
Agora o Governo que resolva.
O jeito que isto dá.