A TAP voltou a ser alvo de debate na Assembleia Regional quando o PSD apresentou, hoje, um voto de protesto. O clima “aqueceu”, sobretudo, quando o deputado socialista e vice presidente do Parlamento, Victor Freitas, defendeu a companhia e o serviço que tem prestado à Região, responsabilizando quem negociou o modelo de gestão e apontando nomes que no passado permitiram, em sua opinião, este estado de coisas. Foram “baterias” apontadas a Alberto João Jardim, Conceição Estudante, Pedro Passos Coelho, Paulo Portas, Eduardo Jesus e Pedro Calado.
Na defesa do voto, o deputado e vice do Parlamento, o social democrata José Prada lembrou que “na véspera de Natal fomos novamente surpreendidos pela TAP quando, sem qualquer aviso prévio, decidiu introduziu uma nova taxa que agrava ainda mais os preços já exorbitantes das viagens aéreas, ao longo do ano e em especial nas épocas festivas. Uma decisão inaceitável, que infelizmente confirma a postura vergonhosa, irresponsável e desprezível com que esta companhia tem tratado a Madeira e neste caso, em particular, os nossos estudantes universitários e famílias”.
José Prada diz que a companhia, detida pelo Estado, devia ter uma visão de serviço público e de garantia de continuidade territorial. O Governo da República não pode continuar alheio a estas opções movidas puramente em função do lucro e não deve continuar a fingir que nada pode fazer perante o ataque permanente a esta Região e estes residentes. O PSD-Madeira está, uma vez mais, ao lado dos madeirenses e portosantenses e exige explicações por parte do Governo da República”.
Victor Freitas, do PS-M, esclareceu que “esta sobretaxa vigorou para aquisições de viagens entre o dia 23 de dezembro e 2 de janeiro e disse que quem veio no Natal já tinha adquirido a passagem e por isso não foi penalizado pela mesma. A TAP manteve a mesma taxa para outros destinos e eliminou para a Madeira. Mas vemos dois PSD’s, um através do secretário regional do Turismo Eduardo de Jesus, que elogia a TAP, outro PSD aqui na Assembleia que critica a TAP. E o plano de contingência, que este governo nunca fez, tem sido assegurado pela TAP quando ocorrem intempéries que afetam a operacionalidade do aeroporto. A TAP, no dia seguinte, traz voos com maior capacidade para escoar os passageiros, coisa que nenhuma empresa privada, idolatrada pelo PSD e CDS, faz”.
A TAP privada trouxe, em 2015, 895 mil passageiros, a TAP semipública, em 2019, trouxe 1 milhão 171 mil passageiros, mais 31%, mais 270 mil que em 2015. Na aflição que há no Turismo, o secretário e a agência de promoção socorrem-se da TAP. E quando muitas companhias faliram, a TAP continua cá.
Este voto não é contra a TAP, é sim contra Alberto João Jardim e Conceição Estudante, que liberalizaram a linha aérea e que tiraram a responsabilidade da TAP em termos de serviço público, este voto é contra Passos Coelho e Paulo Portas que privatizaram a TAP e não asseguraram o serviço público, este voto é contra Eduardo Jesus e Pedro Calado, quedurante todo este tempo não foram conseguiram atrair uma terceira companhia para a Região”, concluiu Victor Freitas.
Ricardo Lume, do PCP, disse que o que se passa com a TAP “é uma vergonha”, sublinhando que José Prada fez como que uma mea culpa relativamente à posição do PSD. “É preciso ter em conta quem é que meteu empresas privadas na gestão da TAP, foi o PSD e o CDS, que agoram vêm falar a favor da continuidade territorial. É preciso ver as razões pelas quais a TAP, hoje, pode agravar os preços livremente”. O deputado comunista diz ser importante resolver o subsídio de mobilidade
Élvio Sousa, do JPP, disse que os PSD, com este voto, “está a protestar perante um filho que ele próprio criou. Lembrou que inclusive o primeiro ministro prometeu que as viagens seriam mais baratas. Considera que “o novo modelo de subsídio de mobilidade lesou os madeirenses. Este modelo que o PSD criou e que agora protesta, não serve. O PSD devia protestar contra si próprio”.
Lopes da Fonseca, do CDS, considera não ser original um protesto relativamente aos preços da TAP na ligação com o continente. “Nunca pensei que o Partido Socialista defendesse mais a TAP do que as viagens dos madeirenses, quando se trata de um acompanhia que faz preços baixos para Paris e outros destinos à custa dos preços praticados na linha da Madeira. A TAP já menospreza a Madeira há muitos anos”.