Num clima de verão outonal, chega ao fim mais uma campanha eleitoral para escolher o governo que se segue na Madeira. Sem perder tempo com o que parece óbvio, e fazendo fé (relativa) nas sondagens, o PSD estará à beira de festejar mais uma vitória sem maioria, o CDS delira com a boleia que o pode levar à governação e o PS poderá, desta vez, ficar no banco a sonhar com a adiada mudança.
As contas de bastidores são decisivas neste momento, mas até à contagem real e objetiva dos votos são conjeturas. Tudo em aberto até à contagem final dos votos, esta é que é a grande verdade. Ficam as lições desta campanha. Uma delas é a de que, quem cedo se inebria com a vitória, corre sérios riscos de a perder. Outra nota é a de que a autonomia é intocável para os madeirenses e ninguém apoia quem vem de fora, mesmo do alto dos seus pergaminhos, dar ordens a quem aqui vive. Foram muitos anos assim, de cabeça baixa, mas já não é bem assim. Outra nota é a de que, sem substância, os balões de mudança esvaziam-se nisso mesmo, em brisa que passa e não faz história. Mas a nota mais importante destas eleições é a de que, sem conquistar verdadeiramente as pessoas, unindo-as e não as dividindo, não há vaga de fundo capaz de ressuscitar os caídos.
A campanha eleitoral foi politicamente correta. Os candidatos venderam o seu peixe de forma ordeira e educada. Mas continua a fazer-se campanha sem tiradas inovadoras. Continua a repescar-se os mesmos cartazes, a mesma papelada, os estafados discursos e as medievais arruadas. Formatos da idade da pedra para falar ao eleitorado no século XXI. Há que reinventar outros formatos capazes de mostrar que vale ainda a pena parar para escutar os políticos.