Partidos praticamente unidos no repúdio aos recuos do Estado na questão do novo hospital; excepção feita aos socialistas

Fotos: Rui Marote

Os deputados da Assembleia Legislativa Regional e membros do Governo Regional que se encontravam hoje no parlamento para o debate mensal levantaram-se e cumpriram um minuto de silêncio em memória do maestro e compositor madeirense João Victor Costa, recentemente falecido. Seria o único momento verdadeiramente pacífico e contido de uma sessão na qual se degladiaram, de parte a parte, deputados da oposição e partido do Governo Regional, por entre acusações mútuas tendo como fundo a construção do novo hospital da Madeira. Da bancada do PSD e após o discurso de Albuquerque (ver outra peça no FN) vieram logo acusações de que a palavra do chefe do Executivo português de nada vale.

O único momento verdadeiramente calmo do debate foi um minuto de silêncio em honra do compositor João Victor Costa

Por outro lado, o CDS chamou a si, através do líder da sua bancada, Rui Barreto, o mérito da reivindicação da construção do novo hospital, e referiu os esforços que o seu partido vai empreender para, no Orçamento de Estado para o ano que vem, consagrar mesmo os 50% por cento de contribuição do Estado para a construção da nova infraestrutura hospitalar. Aproveitou para reclamar dos partidos que sustentam o Governo de Costa que votem a favor, além, naturalmente, do Partido Social Democrata.

Mas o Executivo de Albuquerque não ficaria incólume no meio da habitual troca de acusações mútuas tendo esta infraestrutura de Saúde como pano de fundo. Não faltou quem, na oposição regional, questionasse se o Governo Regional tem meios para pagar a sua parte, e o JPP ironizou mesmo ao questionar se o GR teria de vender a Empresa de Electricidade da Madeira para pagar o que lhe compete no novo hospital, o que mereceria resposta negativa de Albuquerque, que disse que nem iria vender a Sissi (a cadela da Quinta Vigia) nem mais nada para tal. O Governo Regional garante que tem verba para pagar a sua parte, mas os deputados do PTP e o independente Gil Canha perguntaram candidamente de onde virá o mesmo.

O vice-presidente do GR, Pedro Calado, assegurou que está tudo a caminhar na direcção certa, que já tem asseguradas 70 por cento das expropriações e 32 milhões de euros para o próximo Orçamento da RAM. Entretanto, o líder da bancada socialista, Victor Freitas, ficou praticamente sozinho na defesa do Governo da República, já que insistiu em que foram sempre os governos do PS a ajudar a Madeira em questões financeiras e enalteceu o facto de ser inscrita pela primeira vez no OE uma verba para o novo hospital.

 

Pedro Calado acusá-lo-ia de proteger a imagem de António Costa e de dar a entender que os continentais é que pagarão a nova infraestrutura hospitalar madeirense. A falta de António Costa à palavra dada seria também criticada pelo JPP, pelo PCP e até pelo Bloco de Esquerda. Estes partidos asseguraram que vão apresentar propostas no sentido de ser reposto aquilo que foi prometido. O CDS, por seu turno, optou, pela voz de José Manuel Rodrigues, em dividir um pouco “o mal pelas aldeias”, afirmando que PSD e PS são culpados do novo hospital ainda não ser uma realidade. Em seu entender, até deveria ser o Estado português a pagar a totalidade do novo hospital. E a forma como António Costa trata o nosso arquipélago, disse, é altamente criticável, pois nem no tempo de Salazar se tratava a Madeira assim, insinuou.