Neste momento, o resgate das oito crianças ainda retidas nas grutas da Tailândia representa uma verdadeira prova de fogo para as dezenas de mergulhadores que se atrevem a arriscar a vida em nome da vida. Este assunto leva o Funchal Notícias a evocar a memória de uma figura singular da Madeira, já falecido, também ele um exímio mergulhador, de seu nome Alivar Cardoso.

O FN, numa publicação de 6 de novembro de 2015, prestou homenagem ao também conceituado médico especialista em otorrinolaringologia e presidente do Clube Naval do Funchal cuja memória ora evocamos. Um nome com créditos firmados na medicina, de trato fácil e de abnegação aos outros, mas também um homem fascinado pelo mar, sempre em demanda do desconhecido, num deslumbramento indizível pela vela e pelos segredos do mergulho nos mares não só de águas mansas mas também de desafio e superação de limites.

Hoje, perante o acidente na Tailândia, que está a comover o mundo, o FN recorda que, nos anos 80, também a Madeira ficou em sobressalto com um acidente, na exploração via mergulho de uma gruta no Garajau. Dois mergulhadores morreram e outro sobreviveu, precisamente aquele que se encontrava no barco. O sobrevivente, nem mais nem menos do que Alivar Cardoso, um homem com tantas histórias por contar, recatado, mas sempre disposto a uma aventura no mar.

A 22 de julho de 2006, Alivar Cardoso faleceu de morte súbita, no Ribeiro Frio, onde passava os seus tempos livres. Mas o FN imagina-o, quando confrontado com o presente drama do resgate das crianças tailandesas, via mergulho, a sua paixão. O seu humanismo e a sua sedução pelo mergulho, talvez o empurrassem para as águas, num voluntariado em nome da vida. Mas são histórias que já não se podem contar, porque a vida é frágil e resta a memória do homem que conheceu também as agruras do mar.

A foto que o FN publica documenta também um período da história do Clube Naval do Funchal que assinala mais um aniversário, quando era presidido por Alivar Cardoso. Na imagem, é possível ver-se ainda o comandante naval, Vasco Catanho, o comodoro do Clube, e o jornalista não menos conhecido da Rádio, Juvenal Xavier.