Governo Regional apostado em aumentar verbas para a promoção da Madeira e preocupado com quebra dos mercados britânico e alemão; quer disputar os EUA com os Açores

Fotos LR

O Governo Regional da Madeira está atento à diminuição do mercado britânico e germânico no turismo da Região e pretende investir uma verba acrescida na promoção do destino turístico Madeira, entre 500 mil e 700 mil euros, não estando ainda definido o montante certo, frisou hoje Dorita Mendonça. A directora regional do Turismo falava à margem de uma conferência na qual foi participar (substituindo a secretária Paula Cabaço) na Escola Secundária Francisco Franco, integrada na Semana da Economia promovida por aquele estabelecimento de ensino.

A verba mencionada pode não ser tão avultada quanto recentemente reclamava o CDS, pela voz de Rui Barreto: os centristas advogavam um investimento de pelo menos 700 mil euros no reforço da promoção da RAM, face aos novos condicionalismos que se têm feito sentir num sector que é um motor fundamental da economia madeirense – a qual, de resto, foi hoje tema do debate mensal com o Governo na Assembleia Legislativa Regional. Mas representa, indubitavelmente, o reconhecimento por parte das entidades oficiais de que há que combater uma estagnação do mercado, à qual se vem somar a difícil situação financeira que afectou companhias aéreas “low cost” que poderiam promover voos para a Madeira, como por exemplo a Monarch.

“Naturalmente, isto preocupa a Secretaria [Regional do Turismo] e até já foi anunciado este reforço de investimento, porque são necessárias medidas, que muitas vezes não são imediatas porque requerem algum planeamento, contacto com companhias aéreas, com os operadores… é o que estamos a fazer neste momento”, afiançou.

Quanto ao reforço para a Associação de Promoção da Madeira, uma das entidades que, a par da Direcção Regional de Turismo, têm um papel fulcral, “também não é, assim, uma operação imediata, mas está preparado (…). Em termos de valores, ainda estamos a avaliar. Deverá ser entre os 500 e os 700 mil euros, mas ainda não é certo”, reconheceu.

Relativamente à Estratégia de Turismo, um documento orientador para os anos de 2017 a 2021, que registou contributos da Secretaria Regional e da ACIF que, segundo uma questão colocada pelos jornalistas, motivam queixas de hoteleiros de que “está na gaveta”, conjuntamente com o Plano de Ordenamento Turístico, e que abrange a Estratégia no que se refere aos quadros mais adequados à dinâmica para o sector, quer em termos de alojamento, quer em termos de actividades, empresas e localização das mesmas na RAM, Dorita Mendonça recusou a classificação de que estão esquecidos. Os ensinamentos destes documentos “são aplicados no dia-a-dia” pela DRT e pela Associação de Promoção, bem como outras entidades, afirmou.

Sobre os problemas enfrentados pelas companhias aéreas, Dorita Mendonça considerou que os mesmos preocupam o Governo Regional, pois “são players, são parte desta nossa estratégia” e as suas dificuldades financeiras e de gestão “causam, como nós vimos, um decréscimo imediato nos mercados. Nós estamos atentos também à evolução do sector naquilo que se relaciona com a aviação”, assegurou.

O FN questionou Dorita Mendonça sobre os esforços que o GR está a tentar realizar para cativar o mercado estadunidense, o qual, todavia e desde há anos, permanece algo reticente relativamente à Região, sendo difícil trazer turistas dos EUA à Madeira. “A dinâmica dos mercados também está muito relacionada com a própria dinâmica dos transportes, ou seja, os destinos são acessíveis se existirem as tais ligações aéreas… Mas também, se não tentarmos motivar a procura por novos mercados, não saberemos se existe ou não essa apetência. Em relação aos EUA, tal como o Canadá, são mercados muito importantes para a Madeira, e que podemos relacionar por exemplo com produtos como os congressos, os grupos… Numa altura em que estamos a passar por uma fase de crescimento em termos de camas, temos de continuar atentos a novos mercados”, referiu. Os EUA são cada vez mais um mercado apetecível para os Açores: “Nós também estamos a olhar atentamente para os Estados Unidos”, confirmou.

A directora regional do Turismo falou para uma sala completamente cheia de jovens alunos, aos quais procurou transmitir que o turismo é uma pedra basilar do tecido económico e do desenvolvimento regional.

A oradora procurou trazer também alguns números relativamente ao crescimento do número de camas, e portanto do alojamento, mostrar quais as principais actividades ligadas ao turismo, explicar qual é o produto que a RAM procura vender lá fora e qual a estratégia que o move, bem como quais os documentos orientadores que estabelecem as linhas mestras, e a importância dos prémios internacionais.

A acompanhar Dorita Mendonça nesta conferência da Semana da Economia esteve também Carolina Camacho, administradora do Grupo Sousa, cujo peso e importância na economia da Região é incontornável, e que procurou dar testemunho da intervenção do mesmo, e José Milheiro da Costa, director da unidade hoteleira “Quinta do Furão”, em Santana.

Este orador foi dar conta do “sucesso improvável” daquele hotel, “numa zona improvável”, com uma filosofia que “está a correr muito bem” e que assenta na ideia de “não ter hóspedes, mas sim amigos”.

“Se nós olharmos para o hóspede como um amigo, acabamos por ter a vida muito facilitada (…) Santana é um pequeno laboratório daquilo que é a Madeira. Tem mar, serra, paisagem, tradição… um bocadinho de tudo o que as pessoas procuram na Madeira. Quanto à diferença de temperatura, é um mito, resume-se a um ou dois graus”.

Todos os indicadores de ocupação da Quinta do Furão são, explicou, muito positivos, o que “enche de orgulho” os responsáveis pela unidade.