Crónica Urbana: A Madeira está a ficar cheia de “especialistas”, mas o que queremos saber é quem vai tirar a pedra

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Rui Marote

As condições climáticas estão decididamente a mudar, com Verões cada vez mais secos e Invernos com cada vez maior pluviosidade. O que aumenta a dimensão das catástrofes naturais, entre cheias e incêndios. Depois da recente tragédia dos fogos, é necessário enterrar os mortos e cuidar dos vivos. As coisas infelizmente não vão melhorar facilmente…

Esta crónica tem a finalidade de alertar. Não querendo ser profeta da desgraça, o que nos espera pode ser terrível, comparado com esta praga incendiária. O desmoronamento das nossas encostas é uma verdadeira ameaça. Temos de ser rápidos e eficazes a tratar dela. Na Ribeira de João Gomes, e por aí acima, até ao Curral dos Romeiros ou às Babosas, no Monte, o que se vê por todo aquele vale até assusta…

Ouvimos o sr. primeiro-ministro anunciar a vinda da engenharia militar para estabilizar as nossas arribas, e agora di-lo Paulo Cafôfo, com os especialistas do Porto… Ora, que eu saiba, a engenharia militar é perita em construir pontes e outras estruturas do género, mas não caiu nenhuma com os incêndios… O que precisamos é de um “batalhão de rocheiros” para limpar as encostas e consolidar o que seja necessário. E de seguida, o verbo a conjugar em todos os tempos é plantar, plantar, plantar…

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Entretanto, a zona histórica de São Pedro continuará encerrada ao trânsito e a peões até quando? Percorremos a zona a pente fino e não encontramos qualquer perigo. Nos edifícios consumidos pelo fogo, toda a cobertura está destruída. Basta verificar somente o beiral do antigo edifício da Função Pública. Todas as paredes estão sólidas.

O que fazer para abrir a artéria? Fechar a blocos todas as portas e janelas dos edifícios consumidos pelo fogo e finalmente lavar e limpar a artéria. Por último, colocar gradeamento nos edifícios, limitando-os. Toda esta operação deve ser iniciada após uma visita ao local de peritos em matéria de construção civil. O que não podemos é deixar que estes vestígios sejam “troféus de caça” para os caçadores de imagens ou colocá-los em “roteiro turístico”. Arregaçar as mangas será a palavra de ordem. Não estejam à espera das linhas de crédito, porque serão engolidos pela burocracia…