/LC/
Quinta Magnólia abre portas logo pela manhã para uma exposição e um workshop.
A 17ª edição do Festival Raízes do Atlântico começa amanhã e traz muitas novidades. Numa produção da inteira responsabilidade da Direção Regional da Cultura, com curadoria artística de Nuno Barcelos, o Raízes do Atlântico surge renovado em termos de imagem, conceito, programação e até local.
Considerado o mais antigo festival de World Music de Portugal (iniciou-se em 1994 sob outra designação), o Raízes do Atlântico tem vindo a se assumir como um dos principais eventos culturais da Região, juntando em palco a música tradicional madeirense e a música do Mundo. Ao longo das suas 16 edições conta já com mais de 130 concertos e vários palcos, sendo que, no passado, por aqui já passaram nomes como Tito Paris, Dany Silva, Dave Sharp, Júlio Pereira, Paolo Angeli, Vitorino, Rão Kyao entre tantos outros.
Este ano, a programação inclui sete concertos que terão lugar na emblemática Quinta Magnólia entre amanhã e sábado.
Com a edição de 2016 pretende-se ultrapassar a barreira tradicional do conceito “World Music” para uma fusão de géneros, num conceito de modernidade, no qual a lusofonia se destaca, mas também estão presentes os novos sons e novas tendências musicais. Assim, os concertos levarão a assistência até o continente português, Cabo Verde, Reino Unido, África do Sul, Tunísia e Brasil, sem esquecer os sons da Madeira.
Pelas 21h30 de amanhã, quinta, Lula Pena, um dos segredos mais bem guardados da música portuguesa e detentora de uma das melhores vozes de Portugal, dará o mote de abertura a este Festival. Pelas 23 horas será a vez de ouvir Elida Almeida, a voz de Cabo Verde que mais se fala do momento, vencedora em 2015 do prestigiado prémio “Découvertes RFI” de França e que termina a tournée mundial no Funchal.
Mas o Raízes do Atlântico pretende ser acima de tudo um espaço dedicado ao património imaterial que é a música. Por isso, na edição de 2016, a Quinta Magnólia albergará também uma “Aldeia do Atlântico” com um programa de atividades paralelas aos concertos. Neste âmbito, a partir de amanhã de manhã e durante todo o tempo do evento, durante os três dias do Raízes do Atlântico, estará patente no local a exposição “Sons da Nossa Gente – Castanholas da Tabua”, mostra que tem como principal objetivo valorizar e divulgar estes instrumentos de percussão, peças únicas do nosso património cultural material e imaterial, que fazem parte do acervo do Museu Etnográfico da Madeira, entidade responsável pela produção desta iniciativa no âmbito do Festival.
Também amanhã, das 11:00 às 13:00 será promovido um workshop sobre as Castanholas de Tabua, com o artesão Arlindo Lourenço, natural da Tabua, e que se dedica à construção destes objetos a que acresce a perícia de os saber tocar, mantendo assim viva a tradição. Com este workshop, de entrada livre, pretende-se estabelecer uma relação entre a transmissão do conhecimento do ofício e o saber fazer, revelando o conhecimento intrínseco inerente à construção e utilização deste tipo de instrumentos, conhecimento que se pretende continue a ser transmitido às gerações futuras.
Pelas 14 horas, será apresentado o novo CD de Vítor Sardinha, “As Cores do Meu Rajão”, uma edição que é apoiada pela Direção Regional da Cultura. O mais recente trabalho do músico e musicólogo é, acima de tudo, uma homenagem ao rajão, instrumento que é caso ímpar na música portuguesa.
Já por volta das 15 horas, tem lugar um dos grandes momentos do festival: uma conversa aberta com Carlos Seixas e Ana Charrua sobre músicas do mundo. Recorde-se que Carlos Seixas, é o diretor criativo e de produção de um dos festivais mais prestigiados de Portugal, Festival de Sines – Festival Músicas do Mundo, vencedor em 2015 do prémio de melhor programação Ibérica no Iberian Festival Awards. Já Ana Charrua é diretora e produtora da agência Tumbao, responsável pela divulgação da música de Cabo Verde, sendo a agência que representou Cesária Évora e detentora da LusaAfrica, produtora dos álbuns dos principais músicos de Cabo Verde. Tumbao também é responsável pelos principais concertos e festivais que decorrem em Cabo Verde como pela Europa.
O Raízes do Atlântico regressa na sexta-feira, dia 10, logo pela manhã, das 11:00 às 13:00, altura em que o músico Guilherme Órfão realiza um workshop, também de entrada livre, sobre os cordofones tradicionais madeirenses. Dirigido sobretudo a todo o tipo de instrumentistas na área das cordas, ou seja, guitarristas, baixistas, entre outros, e não apenas braguinhas, rajões e violas de arame, este workshop destina-se a abordar meios de amplificação/captação de instrumentos acústicos, o processo criativo de composição com recursos a efeitos e a improvisação.
A noite será de concertos “improváveis” às 21h30 com os Sons of Kemet, banda proveniente do Reino Unido que se apresenta na Madeira em estreia nacional, e às 23 horas com Petite Noir, considerado pelo The Guardian como um dos artistas sul-africanos mais genuínos do momento.
No sábado, a música começa mais cedo, pelas 20h30, com os Xarabanda, agrupamento que é responsável pela génese do Raízes do Atlântico e que este ano comemora 35 anos de existência. Às 21h30, sobe ao palco Ghalia Benali, diva da Tunísia e considerada pela imprensa especializada internacional como a embaixadora da cultura árabe. O encerramento da 17ª edição deste festival acontece a partir das 23 horas de sábado, dia 11, com Ivan Lins, um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira, artista com 40 anos de carreira e vários Grammy que promete um concerto memorável.
Os bilhetes para o Festival Raízes do Atlântico custam entre 5 euros (1 dia) e 12 euros (passe para os 3 dias), e estão à venda no Posto de Turismo da Avenida Arriaga, na FNAC do MadeiraShopping e na Quinta Magnólia (nos dias dos concertos). Os interessados poderão também fazer a reserva dos bilhetes através do site oficial do evento: http://raizesdoatlantico.com/pt . Refira-se ainda que a entrada é gratuita para crianças com idade até aos 12 anos.