É um país fascinante por mais do que uma razão. O Uruguai, um pequeno país onde vivem cerca de 3,5 milhões de pessoas, faz fronteira com a Argentina apenas em algumas zonas do Rio Uruguai e do Rio de La Plata. Os espanhóis foram os primeiros a chegar, em 1516, e estabeleceram um assentamento em Villa Soriano, no rio Negro, mas os portugueses criaram em 1680 a Colónia do Sacramento. E é precisamente nesta cidade que a sua parte antiga é hoje considerada património mundial da UNESCO.
O Uruguai está bem à frente, na América Latina, em muitos aspectos, demonstrando considerável progressismo, principalmente pelos padrões da América Latina: na economia – uma das mais desenvolvidas – e na qualidade de vida, em primeiro lugar; mas também nos indicadores de prosperidade e pelo pioneirismo em matéria de direitos civis e de democracia. Esteve sempre à frente em muitas questões: foi o primeiro país a legaliza o divórcio, em 1907; em 1932, foi o segundo país latino-americano a conceder às mulheres direito ao voto; mais recentemente, em 2007, foi o primeiro país da América do Sul a legalizar uniões civis entre homossexuais e a permitir a adopção por casais do mesmo sexo; em 2013 a aprovar o casamento homossexual propriamente dito; o primeiro a legalizar o cultivo, venda e consumo de cannabis; e é reembolsado pela ONU pela maioria dos seus gastos militares, dado que a maior parte deles é investida em forças de paz das Nações Unidas. É ainda considerado o país menos corrupto da América Latina.
Durante muito tempo causa de discórdia entre portugueses e espanhóis, que disputavam o território, a Espanha tentou evitar a expansão das fronteiras do Brasil por parte de Portugal, mas em 1816 uma força de 10 mil tropas portuguesas invadiu o Uruguai, tomando a capital, Montevidéu, em Janeiro do ano seguinte.
Quando o Império do Brasil se tornou independente de Portugal, em 1822, o Uruguai aproveitou a oportunidade, declarando a independência três anos depois, com o apoio das Províncias Unidas do Rio da Prata, a actual Argentina. Seguiu-se uma guerra que demorou 500 dias, mas ninguém venceu e, em 1828, o Tratado de Montevidéu, promovido pelo Reino Unido, deu origem ao Uruguai como estado independente.
O último comandante brasileiro foi o brigadeiro Manuel Jorge Rodrigues, que só saiu na altura da Convenção Preliminar de Paz entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata, a 27 de Agosto de 1828. O diploma pelo qual o Uruguai acabou por se tornar independente.
Situada a 177 quilómetros da capital Montevidéu, Colónia do Sacramento fica na margem oposta a Buenos Aires, do Rio de La Plata. É possível chegar lá, vindo de barco de Buenos Aires, em pouco mais de uma hora.
A cidade reconhecida pela UNESCO é hoje um dos locais turísticos mais importantes do Uruguai, e nela a presença portuguesa está ainda bem impressa, até hoje.
A partir de 1969 foram realizadas escavações arqueológicas que revelaram importantes ruínas, e procedeu-se ao restauro de fachadas e interiores do casario, recuperando também a toponímia das ruas.
A UNESCO considera que Colónia do Sacramento é um exemplo notável e fora-de-série de povoado de fronteira, que apresenta uma mistura única entre as influências portuguesa e espanhola.
Fortificações, ruínas de antigos conventos e basílicas, praças e ruas, museus (entre os quais o Museu Português) e muitas, muitas casas constituem as atracções da localidade, aqui retratada pela objectiva do nosso fotógrafo, Rui Marote.
