
O Tiago é um dos seis filhos de uma família do Estreito de Câmara de Lobos que acorda de madrugada, carrega os caixotes e ruma ao Funchal para vender a fruta na Rua Fernão de Ornelas até aos idos do verão. Ainda não tem 18 anos, mas é com trabalhos como estes que ajuda à sobrevivência da família e dá cor e aroma à cidade neste tempo de veraneio.
A história do Tiago junta-se a tantas outras histórias, de jovens e adultos, que escolhem as ruas centrais da capital da Madeira para vender a sua mercadoria: flores, fruta, roupas, bigigangas e outros materiais de venda ambulante. No Portefólio da Cidade, o FN não os poderia esquecer.

“Leve um raminho de macela para a saúde, apenas por um euro!” Um pregão comum no Funchal. Num recanto movimentado da urbe, lá estão elas, normalmente de idade avançada, sentadas num banco improvisado, a aliciar quem passa com um raminho de macela por apenas um euro. É de comprar, obviamente, dado que cura todos os males de estômago, bastando para tal pôr a macela em infusão.
Da Avenida Arriada ao Mercado dos Lavradores, quem domina são os vendedores de fruta, numa miscelânea de aromas verdadeiramente encantadora. Fazem já parte do traçado da paisagem. De bata verde e com cestos fartos de ameixas, damascos, cerejas, maçãs, pêssegos…, têm sempre uma clientela apressada mas fiel que não resiste a comer com a vista e com tanta fruta ali à mão.

As floristas são também ícones desta cidade. Não são sazonais. Distribuem-se o ano inteiro pela cidade, desde o Aljube ao Mercado dos Lavradores. Sabem que os madeirenses têm a tradição de engalanar as suas mesas com flores autênticas da Madeira e têm sempre dinheiro para um raminho multicolor. Vestidas de antigas viloas madeirenses, conquistam desde logo a simpatia dos turistas e dos residentes e não tiveram medo dos mosquitos que alarmaram a cidade.

Junto ao Teleférico do Funchal, a venda ambulante é de outra natureza. Vendem-se roupas alegadamente de marca, cintos e outras peças a muito bom preço. Por isso, quem vai intencionado para subir ao Monte de Teleférico, sempre compra alguma coisa a preço de saldo, já para não falar dos amantes da caminhada na Avenida do Mar que também são clientes destes vendedores do Almirante Reis.

Mas o Funchal deixou apenas de vender a tradicional macela, as flores e as frutas. Tudo vale a pena comercializar para tirar uns dinheiritos extra para enfrentar a vida de austeridade. A objetiva do fotógrafo do FN registou a venda de automóveis em miniatura, de madeira, serigrafias, entre outros produtos.

Povos africanos e asiáticos misturam-se na cidade do Funchal numa venda ambulante multicolor. É a urbe aberta ao mercado livre, acima de raças e preconceitos. Junto ao cais da cidade, lá estão eles com peças oriundas de Marrocos e outros pólos comerciais para vender a turistas e madeirenses. Também vão e vêm e já se integraram na paisagem da cidade.