“Olha que coisa mais linda”…Começo com Tom Jobim e continuo pela belezinha que é a aragem da madrugada, o acordar da primeira lua de mel, a caixinha da prenda perfumada que se abre em dia de anos, o cheirinho das primeiras rosas da quinta delas. É tudo tão ternurento, mesmo que ridículo e provinciano.
Quem me despertou para todo este “glamour” tão poético quanto grotesco, que só Moliére poderia descrever nas suas “Précieuses Ridicules”, (Ridículos preciosismos) foi uma delicadíssima cadelinha, gémea do portuguesíssimo “cãozinho-de-água” que Obama levou para mascote da “Casa Branca”.
A que Tágides musas recorrerei para descrever aquele sorriso intelectual da cadelinha, copiado do patrão, nos braços tenros e ternos do seu dono na antiga Quinta Vigia! Digo antiga, porque a velha quinta deixou de ser a Casa cor-de-rosa para chamar-se “Casa Branca”, talvez o “Capitólio” made in Madeira. Oh, milagre da mascote!
E o baptismo da cadelinha… nome ilhéu? Nada, que isso é rasca,…portuga, também não. Um nome estrangeiro é que lhe assenta bem, nada de republicano, muito menos, democrata: “Sissi” será o seu nome, princesinha herdeira de uma monarquia puída, à imagem e ancestral semelhança do patrão. Só falta chegar o mefistofélico Bernard Shaw para acompanhá-la num pezinho de dança aristocrática. Que belezinha!
E a escolha da mascote teria de ser da raça canina, porque cão e gato nunca se deram bem. E era incontornável que a mascote fosse cadela e não gata borralheira de infeliz exílio. Assim se marca a diferença entre o velho inquilino e o novo locatário do palacete. “Olha que coisa mais linda”…
Cuidem-se os novos condóminos do prédio, porque acabou-se a moda de santaneiro barrete de orelhas e começa o ciclo dos punhos de renda. O acordo ortofónico, pela mesma. Apenas com uma excepção: acabem com o velho “também” e troquem pelo novíssimo e chic “tamém”… E no desfile carnavalesco escondam o vilão tambor zulu e tragam o piano de cauda para o novo “King of Carnival”.
Quanto à cadelinha, cuide-se, não vá o xixi tramar a “Sissi”. Porque o patrão tanto abre um vegetariano sorriso escandinavo como depressa afivela a dentadura carnívora dos sulistas. E pode chegar ao cúmulo de mudar de cadelinha como quem muda de camisa. Queridinha, olha que há um pelotão de Mimis e Gigis e Lilis em lista de espera para ocupar a tua cabana, lindinha Sissi. Cuida-te! Faz como a tua predecessora gatinha borralheira que a toda a hora lambia os pés do vigia. Ok?! Eu avisei.