Lista do CDS agita conselho regional

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A reunião do conselho regional do CDS que aprovou a lista às próximas eleições legislativas foi tudo menos pacífica. O próprio mandatário desta candidatura e presidente da Câmara Municipal de Santana, Teófilo Cunha, votou pela abstenção e, quando usou da palavra, teceu duras críticas ao partido, nomeadamente pela forma como a lista foi escolhida.

No cerne das críticas esteve a opção de José Manuel Rodrigues de convidar o ex-líder do partido, Ricardo Vieira, para figurar em número dois, o que tem sido interpretado por alguns populares como um regresso ao passado.

Além de Teófilo Cunha, o presidente da concelhia do Funchal, Rui Barreto, também votou na abstenção, alegando que este órgão não tinha sido ouvido pelo presidente do partido, e a mesma posição foi adotada por Nelson Ferreira, dirigente dos populares em Santo António.

Não é por acaso que algumas figuras-chave do CDS não concordam com a escolha do ex-líder para o segundo lugar da lista. José Manuel Rodrigues explicou-se no conselho regional e chegou, por exemplo, a pedir desculpas a Isabel Torres, a terceira da lista, que cedeu o seu lugar a Ricardo Vieira.

Mas a insatisfação não termina aqui. O mandatário da Juventude terá sido escolhido à revelia da JPP. A presidente, Luísa Gouveia, só soube pelo próprio da escolha do presidente do partido.  O escolhido mandatário da “jota” é natural de Machico, tendo manifestado a José Manuel Rodrigues a intenção de inscrever-se no partido. Para José Manuel Rodrigues terá pesado o facto daquele ser representante dos estudantes na Escola Profissional Cristóvão Colombo e daí o salto para mandatário da lista pela “jota”.

Correr para o Governo

Na última controvérsia com os pastores de gado, o Funchal Notícias apurou que o convívio realizado na serra foi dinamizado e pago pelo CDS. Ricardo Vieira faltou ao encontro e há quem comente que terá falado mais alto a memória do pai, Rui Vieira, que sempre repudiou o gado na serra por afetar a Laurissilva.

Ninguém duvida que os objetivos de Ricardo Vieira com esta candidatura são gizados fazendo fé numa eventual maioria relativa do PSD e, por conseguinte, numa aliança com o seu partido. Portanto, a aposta do ex-líder visa fazer parte de um futuro governo de coligação com o PSD. Caso contrário, se Albuquerque conquistar a maioria, também ninguém duvida que não ocupará o seu lugar de deputado na Assembleia, uma vez que os seus afazeres profissionais de advogado não são compatíveis. Além disso, Ricardo Vieira é consultor jurídico do grupo parlamentar do CDS, sendo remunerado por isso. Muito embora, se levantem algumas vozes mais irónicas a ajuizar que, que só por ideal cristão e cívico – com que justifica a candidatura – poderá vir a virar as costas aos compromissos jurídicos e outros afazeres, em nome do serviço à política parlamentar que bem conhece.

Entretanto, José Manuel Rodrigues, juntamente com o vice-presidente, Rui Barreto, reuniram ontem com o ministro Pires de Lima e Paulo Portas, mas na sede do partido, no Largo do Caldas, com a ausência da líder da JPP. Um encontro para o CDS defender a redução das tarifas aéreas nas ligações para as Ilhas. Mas também este encontro não aconteceu à primeira. Recorde-se que a reunião esteve marcada para a passada sexta-feira, encontro que foi adiado pelo facto de Pires de Lima se encontrar em Paris. Mas não só. A acontecer a reunião agendada para a última sexta, no gabinete do Ministro da Economia, tal não era favorável a Pires de Lima, uma vez que Miguel Albuquerque foi recebido na sede do PSD por Passos Coelho. Um constrangimento que foi preciso evitar. A líder da JPP foi avisada da desmarcação da reunião quando já se encontrava em Lisboa e não marcou presença na reunião de ontem.

Outra questão que não passa em branco nos bastidores da campanha do CDS é a de que o representante do partido em Machico interrompeu a sua atividade profissional para estar ao serviço do partido. Uma disponibilidade que custará ao partido um ordenado mensal que rondará os 1400 euros, embora o diretor de campanha, Mário Pereira, nada tenha adiantado a este propósito. A tónica de Pereira tem sido anunciar as equipas de rua para o contacto direto com a população a ver se o partido convence o eleitorado.