O 20 de Fevereiro de 2010 ficou pelos piores motivos na memória dos madeirenses. Há quem ainda esteja atordoado, e não consega ficar sossegado. Há quem consulte psicólogos para superar o trauma. Cada pessoa reage de forma diversa. Mas, se cuidados tinham que existir, o que choca é o aproveitamento das televisões, cada vez que surge um alerta de mau tempo. Assustados pelas constantes imagens requentadas que os canais de TV passam da desgraça que foi o 20 de Fevereiro, basta começar a chover com uma certa intensidade para os madeirenses “recolherem às casernas”, deixando o Funchal deserto. Cedo se sucedem os telefonemas do continente para a Madeira, de pessoas preocupadas, que vem aí um furacão. E não é que há mesmo quem, na TV, diga que isto foi um furacão?!
Os serviços de meteorologia, “escaldados” emitem alertas amarelo, laranja e vermelho, de todas as cores que não emitiram no 20 de Fevereiro de 2010. As ribeiras barrentas começam a emitir um som turbulento e de imediato se multiplicam as reuniões de emergência para decretar fecho de escolas e serviços regionais. Os Municípios duplicam a limpeza das sarjetas, serviços que ao longo do ano só são limpos quanto “Santa Bárbara” dá trovões.
Não somos contra a prevenção. A segurança está em primeiro lugar. Mas é exagerado ver tudo ser encerrado por causa do medo. E as localidades que são constantemente assoladas por furacões e tempestades, como fariam?
Mas as televisões vão assustando os telespectadores com imagens de tempestades que assolaram a região noutras épocas, induzindo a população numa realidade que não existe. Na Guerra de África havia um cartaz que se tornou célebre: “O Boato Fere Que Nem Uma Lâmina”.
Ora, na ilha da Madeira sempre choveu e na sua história enfrentou grandes tempestades. Mas do Governo o clarim soou: fiquem em casa! Recordo a minha sogra que já não pertencer ao no mundo dos vivos, e como terminava rapidamente com os convívios familiares, exclamando: “Cada um para as suas casas, já é meia noite…”
Se os nossos hábitos de trabalho vão desaparecendo e estes “feriados” são um incentivo a não produzir, cedo virá o dia em que o último fechará a porta… E também não precisam as autoridades de aproveitar tanto estas tempestades menos significativas para mostrar o serviço que não mostraram no passado.