
Uma outra tónica do discurso de D. Rino Fisichello, ontem, nas Jornadas de Atualização do Clero, Leigos e Consagrados, foi a importância de evangelizar através da “beleza”, com largo percurso histórico. Para o presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização “devolver a beleza às nossas igrejas é um compromisso eficaz de evangelização. O homem é levado de novo ao silêncio mas num espaço em que pode perceber a presença do divino. A beleza de uma igreja e da liturgia que aí se celebra podem voltar a ser caminho para uma evangelização que oferece certeza do amor de Deus que não abandona o seu povo, mas permanece próximo dele e o protege”.
Por isso, o orador convidado por D. Nuno Brás para falar a todos sustenta que, “a via da beleza perspetiva-se como o caminho privilegiado para poder pensar Deus “de modo mais elevado” e comunicá-lO ao homem nosso contemporâneo. O querigma precisa de ser traduzido em categorias estéticas”.
Porém, D. Fisichello também colocou o dedo em algumas feridas. Nem tudo é beleza. Neste contexto, lamentou o facto de estarmos, provavelmente, “no outono da beleza”, constando mesmo “o seu declínio atual”. E exemplificou: “Basta observar a construção de muitas igrejas para tocar com a mão a impossibilidade da evangelização através da via da beleza. Feitas de cimento, sem qualquer chamamento à transcendência, tornam-se lugares para a celebração do culto sem que, todavia, permitam ao crente elevar-se, porque este fica prisoneiro de uma horizontalidade imanente, sem possibilidade de fuga”.
Mas o arcebispo tem esperança no futuro, porque quem anuncia Cristo é portador da alegria, da paz e da esperança. Por isso, no seu discurso, lembrou: “A via da beleza, de que a nossa história está cheia, pode ser uma dessas formas (de evangelização). A arte, a música, a literatura… tudo aquilo que foi suscitado pela fé e que produziu beleza pode ser ainda hoje instrumento eficaz de evangelização. Portanto, transmitir a fé reconduz ao coração do Evangelho, porque requer que se ponha o amor de novo no centro. Não um amor qualquer, que se contenta com um fim de semana de paixão. O que nós transmitimos é um amor que não se dá por vencido enquanto não tiver conquistado o irmão para o aproximar de Cristo, fonte inexaurível do amor que não morre”.