Olha a mala!!!

Rui Marote
A imagem dispensa comentários. 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Um velho combatente “desfila” em frente à tribuna da Praça de Autonomia, momentos antes da grande parada. Passou despercebido para muitos que lá estavam, “curiosos” de assistir ao grande-pequeno desfile.
Com uma bengala na mão direita, que serve de apoio a essa longa caminhada debaixo de um sol protegido pela boina que ostentou durante quatro anos numa das Províncias Ultramarinas, lá vai ele. Na mão esquerda exibe uma mala “vazia” de nada. “A memória é muitas vezes a qualidade da estupidez; ela caracteriza geralmente os espíritos pesados, ,os quais torna ainda mais pesados, mercê da bagagem com que os sobrecarrega”, dizia François Chateaubriand. Somos, portanto, estúpidos por carregarmos a memória, supõe-se… Mas as lembranças do passado só são só um peso para quem as carrega se a esperança do futuro não couber na mala…
Em 1955 Celeste Rodrigues gravou “Olha a Mala Olha a Mala”, grande sucesso nessa época; recordamos aqui a letra dessa canção
                  Refrão:
                  Olha a mala olha a mala
                  Não é tua nem é minha
                  É do nosso hidroavião
No mundo dos vivos restam poucos combatentes da Índia e das nossas Províncias Ultramarinas. E ainda menos são os que os valorizam.
Agora as “guerras” de que se fala são o Afeganistão, o Iraque  e a República Centro Africana, que não fazem parte da nossa História.
Os combatentes portugueses de África continuam há 47 anos carregando uma Mala Vazia de Nada. Até quando!!!