
Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se hoje, no seu discurso do 10 de Junho, ao “fim, ou quase o fim, de uma pandemia tão longa e dolorosa, para deixar uma mensagem de esperança em 2021. Sublinhando o mar, um desafio do futuro, que faz crescer o espaço geo-estratégico português e o nosso universalismo, citou orgulhosamente um arquipélago [da Madeira], que, como os Açores, se liga ao espaço mais vasto do continente, lembrou a diáspora portuguesa e os muitos ilhéus que partiram para os quatro cantos do mundo, “gente corajosa, desbravadora, persistente”, que quis fazer valer “a sua justa, intrépida autonomia”.
Lamentando que a pandemia da Covid-19 tenha, durante um longo período, quase tudo suspendido, atropelado ou adiado, afirmou, todavia: “Portugueses! Não são as imensidades deste desafio que nos vão desviar do nosso futuro. Que se desenganem os profetas da nossa decadência ou da nossa finitude”.
Falando mais uma vez nos oceanos, considerou necessário com urgência reforçar neles “a nossa estratégia e liderança”.
“É essencial fazer da conferência dos oceanos, de que seremos anfitriões, um marco nesse caminho que percorremos (…)”, declarou, para enfatizar “a nossa diferença no mundo”.
Nos próximos anos, opinou, os portugueses não podem limitar-se “a remendar o tecido social ferido pela pandemia”. Temos, exortou, de reconstruir esse tecido a pensar em 2030, 2040, 2050.
Exigiu, pois, “resultados duradouros”. Deixou, pois, para os anos vindouros, um apelo à convergência para aproveitar recursos e recriar um novo futuro para todos, “e não uma chuva de benesses para alguns”. Há, declarou, que pensar no interesse colectivo e não em egoísmos pessoais ou de grupo.
“Este 10 de Junho interpela-nos a não desperdiçarmos os fundos que nos podem ajudar, evitando deles fazer, por curtos anos, o que fizemos tantas vezes na nossa História, com o ouro, com a especiaria, com a prata, e, mais perto de nós, com os dinheiros comunitários”, atirou, numa óbvia referência ao despesismo que em Portugal já data flagrantemente do desperdício do ouro do Brasil, há séculos, e das verbas da União Europeia, em anos mais recentes. Há que “não desperdiçar um cêntimo que chegue à nossa terra”, insistiu.
Deixou uma palavra para o bom acolhimento dos emigrantes portugueses que regressam, e também daqueles que, tendo outras naturalidades, nos buscam e que nos dão “contributos para a riqueza nacional de que carecemos, natalidade que não temos, serviços básicos de que precisamos”.
Vivendo entre nós, muitos ajudaram-nos, em pandemia, a não parar sectores inteiros, como a construção civil, recordou.
Exaltou, por outro lado, os profissionais da saúde e não só, que durante este período difícil, “cuidaram de todos nós”, com a garantia da vacinação em massa, pelo apoio às escolas e aos lares.
“Uma palavra emocionada aos homens e mulheres que, por todo o país, salvaram vidas e zelaram por pacientes”, sublinhou.