PS-M critica ampliação do Molhe da Pontinha preconizada por Albuquerque e Calado

O PS-Madeira considera que, num momento em que a economia regional está a ser duramente afetada pelos efeitos da pandemia de Covid-19, com o mais elevado desemprego do país e uma queda do PIB quase o triplo da nacional, e quando mais se torna urgente pensar e implementar soluções de futuro para robustecer e diversificar o tecido empresarial madeirense, o Governo Regional continua a seguir a mesma solução do passado, assente nas obras de betão sem retorno económico.

Segundo os socialistas, a última demonstração que o Governo Regional não quer nem é capaz de alterar este modelo de desenvolvimento económico foi trazida pelo próprio presidente do Governo Regional, que aponta a ampliação do Molhe da Pontinha como um investimento estruturante para a Madeira.

“A ampliação do molhe da Pontinha é estruturante para a Região ou para as empresas de construção civil que gravitam em torno do Governo Regional?”, questionou o presidente do grupo parlamentar do PS Madeira numa reacção à declaração do presidente do Governo, questionando a prioridade dada a uma obra quando se deveriam apostar em medidas de defesa da economia, apoios às empresas, assegurar empregos e proteger os mais socialmente expostos.

“É bastante questionável esta obsessão de Miguel Albuquerque e de Pedro Calado em relação a esta obra. Não é conhecido o racional para defender a inclusão desta obra no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), não se conhecem os fundamentos económicos e financeiros para esta empreitada num momento em que o mercado de Cruzeiros está parado e sem perspetivas de retoma futura e não se compreende a premência de uma obra que implica despejar mais 400 metros de betão na frente mar do Funchal, que custará aos cofres regionais um valor superior a 172 milhões de euros, o equivalente a 20% do valor total do PRR para a Madeira”, afirmou Miguel Iglésias, presidente do grupo parlamentar do PS Madeira na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira.

“O que fica subjacente a esta intenção do Governo Regional para intervir no Molhe da Pontinha é o mesmo critério de sempre, aplicado década após década: colocar o interesse público para segundo plano e continuar a alimentar determinadas empresas de construção civil. Será coincidência que este seja o único sector económico a funcionar em normalidade? Mas haverá dúvidas que não é a solução para impedir a queda histórica da nossa economia?”, acrescenta Miguel Iglésias.

Para o PS Madeira, este é o momento de se repensar o modelo de desenvolvimento económico da Região, que não deve depender dos gastos da administração pública, e de saber usar de forma responsável e planeada as ajudas financeiras comunitárias que vão chegar ao longo dos próximos anos. É o momento de criar condições para diversificar a economia, apoiar o tecido empresarial e setores mais tradicionais como a agricultura e as pescas, trazer novas oportunidades para os jovens e para apoiar empresas e projetos empreendedores que devem ter condições para desenvolver a sua atividade, gerando emprego e riqueza para a região.

“Temos no Plano de Recuperação e Resiliência os meios financeiros para que a Região possa dar esse salto. Contudo, a opção do Governo Regional foi de alocar a totalidade dos 561 milhões a investimento público, uma estratégia da qual discordamos por insistir na mesma receita do passado e porque contraria a diretriz relativa à resiliência económica”, dizem os socialistas.