Albuquerque justifica fogo de fim-de-ano; diz que RAM terá de pagar vacinas contra a Covid-19

O Funchal Notícias confrontou hoje, na conferência de imprensa, o presidente do Governo Regional com qual o sentido que faz persistir na realização do fogo de fim-de-ano, um investimento superior a um milhão de euros e que poderia ser, da nossa perspectiva e da de muitos, renegociado para o próximo ano com a firma a quem foi adjudicado, sendo para já as verbas canalizadas para o mesmo melhor empregues numa aposta massiva nos testes PCR à população madeirense. Tal seguiria a máxima “testar, testar, testar”, que desde sempre foi defendida pela Organização Mundial de Saúde. Mais recentemente, isso mesmo foi aplicado em vários países asiáticos com sucesso: o epicentro da pandemia deslocou-se para a Europa, onde os testes massivos à população foram muito menos realizados do que no sudeste asiático, com os resultados que todos conhecemos. Não será esta a única razão para vaga europeia de Covid-19, mas certamente a testagem em massa concorre para a estabilização dos números de Covid-19 na Ásia.

Miguel Albuquerque respondeu justificando a vários níveis. “Já temos o fogo adjudicado. Somos uma região turística, independentemente de termos mais ou menos turismo. Vamos ter bastante turismo no fim do ano”, garantiu, apesar dos indicadores apontarem o contrário. “Esse pacote para os hoteleiros está vendido (…) para um número de hotéis, não para a sua totalidade. Faz parte da nossa tradição [o fogo]. É uma opção que nós assumimos”, declarou.

Admitindo que há condicionalismos colocados às festas de Natal e fim-de-ano, o presidente disse que isso não obsta “a que as pessoas possam manter a sua tradição, e a tradição do fogo é uma delas”. Por outro lado, Albuquerque expressou dúvidas sobre o que realmente se passa nos países asiáticos, “porque de facto eles dizem que testaram tudo mas eu não sei o que se passa porque por exemplo a China não tem nenhuma informação fiável sobre o que se passa, uma vez que a China não é uma democracia, quem manda na China é o Partido Comunista (…)”.

O governante considerou ainda que na Madeira tem sido feita uma grande testagem da população, equivalente ao dobro da média nacional, afirmou. Mas a testagem, defendeu, tem de ser feita com racionalidade e objectivo. “Por exemplo, nós temos feito os testes nas profissões que chamamos mais de risco e nos sítios certos, portos, aeroportos, pessoas que saem da Madeira (…)”. Quanto à pandemia na Madeira, neste momento está controlada, assegurou.

Questionado pelo FN, por outro lado, se das anunciadas 200 mil vacinas que deverão vir para a Região, em articulação com a distribuição ao nível do todo nacional, uma percentagem será paga pelo Estado, ou se a totalidade dos custos será assumida pelo orçamento regional, Albuquerque disse que se trata desta última hipótese. “Infelizmente, os madeirenses e os porto-santenses não podem contar com o Estado português”. E deu como exemplo os custos que a RAM tem de acarretar, no quadro da protecção civil, com o helicóptero contra os incêndios florestais, ou as vacinas para a gripe.