Presidente do GR não avança com maiores onerações aos turistas infectados

O Funchal Notícias questionou o presidente do Governo Regional sobre a praticabilidade e a sustentabilidade das actuais medidas que pretendem supostamente responsabilizar os visitantes que nos chegam infectados de Covid-19 e que têm de fazer quarentena em unidades hoteleiras dedicadas. Além da RAM estar actualmente a pagar-lhes os testes à chegada já há mais tempo, e embora sempre tenha defendido que se fizessem testes na origem antes de viajar, as medidas agora preconizadas pretendem que, caso um turista infectado seja transferido para um “hotel Covid”, um montante da sua reserva inicial seja transferida para o IASAÚDE, para compensar essa despesa. Não será isto burocraticamente complexo, quer para indústria hoteleira quer para o próprio Governo Regional? Será efectivamente praticável? E durante quanto tempo se poderá manter este “statu quo” em que não se onera realmente o turista que mostra irresponsabilidade e se aventura a viajar sem ter realizado previamente qualquer teste na origem?

Albuquerque respondeu que uma reunião ontem ocorrida e a decisão tomada neste sentido foi relativamente fácil, porque “quando o turista é transferido para a unidade Covid, há um montante que já consta da reserva, e está pago ou garantido na unidade hoteleira, e que é automaticamente transferido para o IASAÚDE, a partir do momento em que ele entra na unidade Covid, para comparticipar. O máximo é 108 euros, de diária. Isso é algo que foi perfeitamente acordado com os hoteleiros, sem nenhum problema”, garantiu o presidente, que acreditará que isto “irá correr bem”.

Comentando a questão do turismo, o chefe do Executivo recordou que não é só o turismo que continua a ser importante para a Madeira. “Nós estamos neste momento com muito menos turismo do que tínhamos, mas temos unidades a funcionar, pessoas a trabalhar, a auferir rendimento, os turistas continuam a pagar e a usar os restaurantes e hotéis… As quebras no nosso turismo melhoraram. Temos agora os números de Setembro. Relativamente a Agosto, nós tínhamos perdido 19% do mercado nacional. No mês de Setembro já foi melhor, perdemos apenas 17%. Relativamente ao mercado nacional, no mês de Agosto tínhamos perdido cerca de 83 por cento do mesmo, e actualmente a situação em Setembro melhorou para 74%. Penso que estamos a fazer uma recuperação lenta, consistente, que não é fácil”. Referindo-se ao número de infectados, considerou que o mesmo é resultante “do aumento que temos tido no fluxo de turistas” e recordou que o GR sempre defendeu os testes na origem.

“Foi das primeiras medidas que nós solicitámos à própria UE, logo a partir de Março. Era a melhor forma de assegurar que a indústria turística continuasse a funcionar na Europa (…)” e deveria ser incentivada pelos próprios tour-operators e pelas companhias de aviação, garantindo assim a confiança dos viajantes.

“Na altura não foi aceite, e foi repudiado por um conjunto de grandes operadores mundiais e inclusive europeus. Inclusive, convenceram a UE a abandonar medidas nesse sentido. Evidentemente, hoje, grande número desses operadores estão à beira da falência, estão muito arrependidos daquilo que disseram ou que fizeram (…)”

Mas, se a presente situação pandémica se mantiver no próximo ano, a tendência será, acredita Miguel Albuquerque, para se proceder à testagem na partida dos voos. “Os próprios aeroportos estão todos à beira da falência na Europa neste momento, não têm movimento”, disse. “A única forma é criar um clima de confiança onde a população possa viajar condicionada, mas com mais confiança”. Isso é possível, com os testes na origem, disse.

Relativamente a outras formas mais eficazes de responsabilizar os turistas que chegam à Madeira infectados, pelas despesas de saúde e alojamento, nada mais adiantou.