Estepilha! Tão amigos que nos tornámos…

Ilustração de JOSÉ ALVES.

Quando falta o dinheiro na mesa, todos ralham e todos querem ter razão. É assim na vida doméstica, é muito assim na vida política. Mas a realidade é ainda mais dramática porque o tsunami económico do covid obriga a jogar duro e a esquecer antigas querelas. Aqui chegados, nada surpreende ao Estepilha, como documenta a ilustração de José Alves. Nem mesmo a mãozinha que Jardim estende novamente ao seu antigo inimigo de lides políticas, Miguel Albuquerque, para uma surreal candidatura deste à Presidência da República, caso Marcelo não acuda às reivindicações da Madeira.

A novela da pressão política da Madeira junto da República – porque é só disso que se trata para que Lisboa abra os cofres à Ilha- só agora começou, com o velhinho Jardim a levar às cavalitas aquele que ditou o seu declínio político.  Jardim já justificou mais esta pirueta dizendo que secundariza divergências pessoais em nome do interesse nacional, ou seja, carrega o mal amado sucessor  apenas por Portugal.

Do lado da capital, já se está mesmo a ver a reação de medo dos apaixonados Marcelo-Costa, neste remake forçado do murro na mesa à Jardim pela mão de Albuquerque. Alguém já se apercebeu que os tempos mudaram? Mas não é só o novo ciclo político e conjuntural português. É a velha questão que sempre anulou o sonho adiado de Jardim de uma candidatura pessoal nacional. O Estepilha não sabe o que é que um presidente da Madeira dirá a um nortenho ou algarvio que justifique o voto numa candidatura do género. Mas parece ao Estepilha que se esfumará nas águas friorentas do Atlântico.