Fotos: Rui Marote
O Governo Regional esteve hoje no parlamento para confrontar-se com os deputados – e em particular, naturalmente, com os parlamentares da oposição, maioritariamente socialista – que o acusaram de má gestão e de favorecimento a uma clientela do PSD e do CDS. O deputado do PS-M Paulo Cafôfo apontou baterias a Miguel Albuquerque e acusou-o de não ter um verdadeiro plano para o desenvolvimento económico da RAM. O chefe do Executivo contra-atacou repetindo o estafado discurso do crescimento económico, com a “economia da Região a crescer há 75 meses”, com índices superiores à média nacional, e uma taxa de desemprego de 6,9 por cento. Porém, Cafôfo contrariou estas afirmações, repetindo, por sua vez, o discurso recorrente da oposição quanto aos muitos madeirenses que estão em risco de pobreza, e que, neste caso, cifrou em 81 mil. Para Cafôfo, a Região cresce a um ritmo inferior ao verificado noutras zonas de Portugal.
Perante tais declarações, o presidente do Governo Regional assumiu uma postura tutorial e combativa e apontou o dedo ao socialista por, em seu entender, apresentar números que não fazem sentido. Invocou os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística e contrariou uma das acusações fulcrais de Cafôfo, a de que cá é que se verifica a maior taxa de desemprego em Portugal. Ao contrário, declarou, isso passa-se é nos Açores, coincidentemente com gestão governativa socialista.
Em discussão esteve também a recente chegada da plataforma de transporte “Uber” à Madeira, e a concorrência que os taxistas temem. O secretário regional da Economia, Rui Barreto, assegurou que os industriais de táxi da Região serão ajudados pelo Governo a formar uma plataforma similar, para poderem bater-se em igualdade de oportunidades.
Já o JPP optou por uma abordagem diferente e por citar um dos títulos recentes da imprensa escrita da Região, acusando o Governo Regional de estar a “engordar”, com a colocação de múltiplas pessoas afectas ao PSD e ao CDS em inúmeros lugares da administração pública. Se a economia na RAM cresce, o actual Governo de Miguel Albuquerque é também o maior até hoje. A esta argumentação veio Albuquerque contrapor com a criação de “tachos” na autarquia santacruzense. Em meio aos ataques mútuos, a ligação ferry com o continente veio também e novamente à baila. Mas Albuquerque “chutou” para canto e atribuiu novamente a responsabilidade à República.
O discurso da exclusão social e da pobreza foi também, pela enésima vez, repetido pelos comunistas, que, tanto quanto Albuquerque insiste no discurso de crescimento económico da RAM, todos os meses acrescentando um mês aos cálculos de que a economia está a crescer, pelo seu lado denunciam insistente e teimosamente o número de madeirenses em risco de pobreza. Secundando as acusações inicialmente apresentadas por Cafôfo, o deputado Ricardo Lume insistiu no agravar das desigualdades sociais e reclamou mais uma vez a necessidade, para os cidadãos madeirenses, de um passe social único nos transportes públicos.
Entretanto, Pedro Calado veio à ribalta apontar o dedo ao Governo central por alegadamente beneficiar os Açores, com governação regional socialista, em mais cem milhões de euros ao longo de um período de quatro anos.
Carlos Rodrigues, um dos mais acalorados defensores das políticas social-democratas, levantou-se de seguida para acusar a oposição de demagogia e de manipulação dos cálculos, afirmando que os Açores têm um número maior de pessoas em risco de pobreza que a Madeira. Já o deputado Miguel Iglésias contrariou o quadro cor-de-rosa apresentado pelo Governo Regional em matéria de crescimento económico, porque o que mais se vê são pessoas a emigrar, principalmente a juventude.
Cafôfo também invocou o tema do Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM) e da sua gestão, que, considerou, não deve passar pela concessão ao sector privado. Ouviu em resposta de Albuquerque que o CINM está a ser “bem gerido” e que foram os socialistas quem mais prejudicou a reputação da praça madeirense. E, para rematar este debate repetitivo, o social-democrata Carlos Rodrigues recomendou aos socialistas que sejam mais positivos e construtivos nas suas abordagens, pois actualmente carecem de conteúdo, acusou. No seu entender, o PS-M pouco passa de “marketing” que não resultou nas urnas, e continua a não resultar.