Crónica Urbana: De que estão à espera?

 

 

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*Texto e Fotos Rui Marote

Vira o disco e toca o mesmo. Podem apelidar-me de jornalista dos buracos, das beatas e do chichi… nada disso irá mudar a minha conduta. Vou continuar a denunciar os comportamentos  incorrectos e pouco cívicos que prejudicam a nossa imagem de destino turístico. Porque é tão importante a notícia da chegada de uma alta personalidade como o quotidiano da nossa cidade.

Antes de ir directamente ao assunto, vou contar-vos duas histórias reais, referentes aos anos de 1978 e 2000. Quem, sendo mais velho, não se lembra dos Horários de São Martinho, Santo António, São Gonçalo, carro do Negus, da SAM, e até do carro dos batatas para a costa norte, e o do Monte? Devido a problemas das empresas, o Governo criou a Transfunchal, que englobou as empresas acima referenciadas. Era um caos: a manutenção não existia, as portas caíam em andamento, alguns dos bancos dos autocarros não tinham costas, chovia dentro dos mesmos, os vidros não funcionavam… um autêntico Bangladesh.

Mas havia uma companhia que fazia a diferença, os Horários do Monte, que eram uma referência. Tinham um chefe de oficinas que todos os dias passava a pente fino a saída das viaturas da garagem. Bastava faltar um parafuso para que a viatura voltasse ao parque auto. Entretanto,  às restantes companhias faltava o parafuso hoje, amanhã a porta caía e no dia seguinte o banco não existia…
cal3A Transfunchal não resultou e deu origem à Horários só Funchal, com a mão de ferro do coronel Morna.
No ano 2000, visitava eu as obras da Sociedade de Desenvolvimento do Norte, em São Vicente, e entrevistava alguns trabalhadores. Perguntava-lhes: os senhores sabem que as obras na RAM estão a acabar e irão voltar à agricultura? Resposta imediata: Não, senhor! Engana-se. O dr. Alberto João Jardim mandará destruir tudo para começarmos de novo… Ah, ah, ah! Hoje não é bem assim, mas encaminha-se para tal. Voltámos ao calçadão da Sá Carneiro, entrada da cidade para quem vem do porto. Qual o cenário? A calçada portuguesa está a ficar esburacada. Solução: colocam-se umas cancelas assinalando as anomalias.

À entrada do porto, na rotunda, e junto à passadeira, um enorme buracão. Continuando, já junto ao local onde iria ser instalado um elevador, a calçada levantou, formando uma lomba. Continuando em frente até ao Parque de Santa Catarina , outras cancelas, e assim continua até ao final do calçadão. Há quem fale que é a dilatação… Não acreditamos! A firma de calceteiros não teve a fiscalização adequada na altura. Foi um “ver se te avias”.

Sou do tempo em que os calceteiros preparavam o piso com areia e cimento em pó, regavam ao de leve e procediam ao calcetamento, e no final, depois de ter sido borrifada a calçada com uma calda de cimento, procedia-se ao “batuque” da mesma, levando finalmente areia que, durante alguns dias, escondia as pedrinhas pretas e brancas. Hoje, a maneira de calcetar não leva cimento. Só no final uma “lambidela”. Conclusão: a amostra está lá para quem quiser ver…

Enquanto isso, a APRAM continua à espera que tudo fique esburacado para começar de novo. Até lá, passa o prazo de validade da obra e é pagar de novo.

Quanto às beatas de cigarro que enchem a Avenida Sá Carneiro, tudo na mesma. Hoje há meios de recolha com aspiradores, mas esta recolha teria de ser feita diariamente. É coisa que não existe.

Já na Praça do Mar – CR7 embora estejam lá as grades, continua conspurcada. Já não conhece água e muito menos sabão desde as últimas chuvadas de Inverno.

É tempo do presidente do Governo dar um murro na mesa e acabar com estas coutadas de “na praça mando eu e no calçadão mandas tu”, com autênticas fronteiras… Vamos terminar voltando ao slogan que não me canso de gritar: “Apostemos na educação para sermos uma grande Região!”

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