O domingo deu em cinzento, parafraseando Pessoa, mas nem por isso a população deixou de marcar presença na Avenida do Mar e das Comunidades Madeirenses para assistir, esta tarde, ao primeiro Cortejo Histórico e Etnográfico do Vinho. Um mergulho na história do vinho para revisitá-la e atualizá-la, desde a Praça da Autonomia até à Praça do Povo.
Durante mais de uma hora, madeirenses e turistas assistiram a uma “aula presencial” sobre a história do Vinho Madeira e dos seus protagonistas. Tudo recriado com grande imaginação e fatos a rigor, no respeito escrupuloso pelos usos e costumes das épocas evocadas.
Foi a estreia de uma iniciativa num cartaz (Festas das Vindimas) que atrai muito turismo. A ideia é continuá-la por parte da dinamizadora, a Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura. Uma forma de homenagear um setor tradicional que acompanha a história da economia regional e que se foi internacionalizando ao longo dos séculos, à mesa de distintas figuras.
Cinco centenas de figurantes, distribuídos por cinco carros alegóricos, deram vida ao cortejo com aroma a malvasia e com o presidente do Governo Regional e demais entidades a assistirem na bancada central. Sem direito, claro está, a um copito de vinho. Só olhos para ver e aplaudir.
A sinopse histórica ao vivo remontou aos primórdios, desde o florescer das primeiras castas de Malvasia e Terrantez experimentadas nesta Ilha. Depois, a expansão e as grandes forças de trabalho desta cultura, os viticultores.
Mas não só. O navegador Gonçalves Zarco ocupou um plano de destaque no cortejo. Depois, os borracheiros, os materiais de uso tradicional das vindimas, os agricultores, as carroças de transporte de pipas, bem como a reconstituição das cenas em que o Vinho Madeira foi protagonista, quer através de William Shakespeare, quer no famoso brinde em torno da independência dos Estados Unidos da América.
A festa do Vinho Madeira saiu à rua cativando os presentes, numa profusão de cores e aromas. Sim, porque setembro já começou e outubro dirá: é chão que já deu uvas.