“Majestic” no Porto: o Café onde ainda se faz fila para entrar

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Na Rua de Santa Catarina, com centenas de cafés, o Majestic tem fila sempre à porta. Fotos FN

Faça sol ou faça chuva, há um café emblemático na cidade do Porto onde os clientes fazem fila para entrar, mesmo com porteiro à porta. “Majestic Café”, fundado em 1921 e amplamente referido pelos clássicos da Literatura Portuguesa, diz bem da nobreza deste espaço que acolhe diariamente milhares e milhares de turistas sedentos de um bom café, acompanhado das típicas rabanadas ou de outra iguaria de inesquecível sabor.

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Decoração em moldes históricos e um ambiente de requinte.

A qualidade paga-se e bem. Um simples café custa 3 euros e o mesmo valor para um pastel de nata. Já a rabanada, que é a doçaria mais vendida, sobe para os quatro euros. Curiosamente, este tarifário não afasta os clientes, que chegam de toda a parte. De japonês a inglês, todos procuram desfrutar da nobreza do espaço e da qualidade dos seus serviços.

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Em grupos, os clientes fazem a festa no Majestic. Todos ganham.

Neste sábado, mesmo com chuva, a fila atravessava a Rua de Santa Catarina, outra zona de intensa circulação da Invicta. O que vale é que a fila anda bem depressa e, quando se despacha uns, chegam em bando já outros. Entretanto, em plena rua, os capas negras mostram a sua irreverência aos populares, com a Tuna a mostrar que os estudantes se dividem entre os livros e o lazer.

Como o FN já referiu, as companhias aéreas colocaram o Porto no centro europeu do roteiro turístico e inundou a cidade com visitantes, ávidos também de saborear as famosas iguarias a norte de Portugal.

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Um tarifário impopular mas que convence os clientes de todas as épocas.

Depois é a entrada num café de outras eras, de decoração aparentemente aristocrática, uma sucessão de lustres e de espelhos, e um corpo de uma dezena de empregados, imaculadamente vestido de uniforme branco, sem mãos a medir para servir uma população que enche diariamente o café.

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A história narrada simplesmente à mesa.

Na mesa, a toalheta faz jus à história do espaço: uma imagem dos primórdios do estabelecimento e uma nota publicada de André Moura, publicada na “Ilustração Portugueza” sobre os brios desta oferta citadina. Na citação da mesma crónica, faz-se saber que, até então, os cafés eram “alforbe de revolucionários, ponto de encontro de reunião transaccional de comerciantes milicianos ou apagado espairecimento do caturrismo da velhice”. O autor da crónica congratula-se com a abertura do café no 112 da Rua de Santa Catarina, definindo-o em termos elogiosos: “As senhoras da melhor sociedade portuense frequentam-no e aqui está o exemplo aberto para uma nova e grata função do café no nosso país.”

De cabelo apanhado e sorriso aberto, a funcionária que nos atende faz-nos ver que a multidão continua a redescobrir o Majestic: “Isto é assim todo o ano. Não pára. Então este ano, o movimento disparou. Vêm de todo o lado e não se pode dizer que há uma fase de baixa procura. Estamos sempre cheios”.

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Rabanadas, scones, café ou chá, tudo muito bem apresentado ao cliente.
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O frenesim é grande mas ninguém fica por atender.

 

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A tuna académica entretém os visitantes na sua irreverência.