Rui Marote, em Chisenau (fotos)
A contestação ao governo continua na Moldávia, e os activistas não esmorecem na sua luta para ver demitidos os responsáveis pelo escândalo dos mil milhões de dólares desaparecidos de três bancos do país. Actualmente no país, o repórter fotográfico Rui Marote continua a verificar a escala a que prosseguem as manifestações contra a corrupção nas mais altas esferas do Estado e do sistema económico-financeiro, a começar pela praça central da capital, Chisenau, onde se encontram desde há semanas acampados os irredutíveis líderes do protesto.
Aqui está, pois, mais um portefólio de imagens captadas naquela República da Europa de Leste, antiga integrante da URSS.

O bloqueio continua, quer ao edifício governamental, quer ao parlamento. Três bancos encontram-se encerrados: o Banco da Economia, Banco Social e Unibanco. O presidente da Moldávia, Nicolae Timofti, é conhecido pelo “pato que não fala”, razão pela qual sobre as suas fotografias em lugares públicos surge sempre o irónico desenho de uma destas aves…

O edifício do presidente, em frente ao parlamento, ficou danificado há algum tempo e hoje está abandonado, encerrado com um tapume e com os acessos destruídos. O contestado presidente mudou de instalações.
Por enquanto a temperatura em Chesinau está moderada, para esta época de Inverno: está agradável e o sol brilha.
No entanto, nos acampamentos dos activistas, há muita lenha acumulada e os fogareiros estão prontos a entrar em acção quando o frio chegar.
A contestação está para durar e as manifestações voltarão em força nos fins-de-semana.
Os activistas que estão nos acampamentos estão atentos a qualquer manobra das forças da ordem para tentar desmantelá-los.

As manifestações começaram já na passada Primavera, quando as autoridades foram forçadas a reconhecer o desvio de mais de mil milhões de dólares de bancos moldavos que tinha recebido grandes empréstimos do Estado.

A plataforma cívica ‘Dignidade e Justiça’ lidera os protestos, que se têm avolumado. Um dos porta-vozes, Valentin Dolganiuc, afirmava recentemente à comunicação social que “o povo acordou e está firmemente decidido a recuperar o controlo do país e colocar os culpados perante a Justiça”.

O povo pretende mudar radicalmente o país, acabando com a “oligarquia criminosa que o governa”, nas palavras dos militantes. Porém, o primeiro-ministro descartou a possibilidade de demitir o executivo e dissolver o parlamento. Tal coisa, segundo ele, poderia provocar o colapso do país.

A verdade é que a maior parte das pessoas não concorda e acha que o país já colapsou. E não arreda pé enquanto os desacreditados políticos não aliviarem o seu controlo nos destinos da Moldávia, um dos países mais pobres da Europa, mas assolado por uma chaga de corrupção – que não lhe é, certamente, exclusivo…
