Carta aberta de um jovem desassossegado sobre a xenofobia

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Miguel Nóbrega. Foto DR.

As manifestações públicas, de diversas personalidades, sobre a vaga de refugiados, xenofobia, as atitudes de xenofobia e a posição dos diversos governantes levaram um estudante de 11.º ano de escolaridade da Madeira a fazer chegar ao Funchal Notícias uma carta aberta a marcar a sua posição. O testemunho deste jovem de 16 anos, residente na Camacha, é mais um contributo para uma discussão que está na ordem do dia.

O FN reproduz a missiva:

“Camacha, 10 de Setembro de 2015

Excelentíssimos Governantes,

Encontro-me numa posição delicada, razão pela qual me encontro a escrever.

O meu relógio marca as 03.56h e as notícias correm mundo.

Se vossas excelências se questionam, neste momento, porque me encontro eu, um jovem de 16 anos, escrevendo, noite dentro, com a mente deambulante, não se debatam mais pois, no decorrer desta carta, terão a vossa resposta.

Ao longo desta tão inquietante semana, tenho-me vindo a debater com questões relacionadas com os refugiadas que, caso não seja do vosso supremo conhecimento, têm vindo a alarmar a população desta minha (ainda) linda ilha. O sono falta-me constantemente e passeio pela minha casa, pelo menos, enquanto me sinto seguro.

No dia oito deste mês de Setembro, o Excelentíssimo Dr. Presidente do Governo Regional da Madeira, pronunciou-se sobre os comentários da população madeirense, no que compete aos refugiados que Vossas Excelências decidiram acolher.

Não querendo, de modo algum, fugir à verdade, utilizou os adjetivos “xenófobos” e “imbecis”, bem como “maldosos, egoístas”. Mostrou-se “chocado”, não é verdade? Então, senhor Presidente, com toda a consideração e respeito que tenho pela sua pessoa, deixe-me que lhe diga: estamos de acordo; estamos de acordo na utilização desses adjetivos. Mas não às entidades dirigidas!

A xenofobia, bem como a homofobia e o racismo, nascem do apedeutismo, inclemência e insciência. Tendo por base esta noção básica, não nos pode denominar de xenófobos, senhor presidente. Estes nossos comentários e aversão à ideia de receber os ditos refugiados, provêm do excesso de conhecimento, do excesso de notícias relacionadas com mortes, loucura, radicalismo e extremismo, que provêm destes muçulmanos que vós, no vosso trono, se me permite dizer, decidiram resguardar e proteger do massacre que eles mesmos causaram.

Eu, na minha humilde insignificância, pergunto-me, excelentíssimos: estais vós cientes do erro que cometem? Questiono-me: Não vêm as notícias que, dia a dia, abalam as almas e destroçam os corações de quem as assiste?

Maldade e egoísmo. Dois defeitos que desonram um corpo. Nós, erroneamente, somos apelidados de maldosos e egoístas. Todavia, eu solicito a vossa resposta sincera: somos nós os egoístas? Somos nós os maldosos? Ou sois vós, excelentíssimos, que decidiram envolver a nossa ilha nesse leito de maldade, morte e falta de valores, sem nos perguntarem uma só vez “Concordam?”?

Existem provas, expostas aos olhos de quem as quer ver, que esses barcos de refugiados transmovem radicalistas do Estado Islâmico. Será que vossas excelências não percebem que estão entregando a ilha nessas mãos impuras, manchadas com o sangue de tantos corpos inocentes, almas levadas em vão com o intuito de converter todo o mundo a esses ideais terroristas?

Segundo Andrew Hosken, jornalista da BBC e autor do livro ”Império do medo: Dentro do estado islâmico”, este grupo de radicais extremistas, prevê o controlo de Portugal e Espanha até 2020. Dois mil e vinte, excelentíssimos, dois mil e vinte! Daqui a cinco anos, segundo os mesmos, Portugal estará sobre o seu domínio, bem como Espanha e França. Seremos denominados de “Andalus”.

Apelando agora um pouco à vossa cultura geral, sabeis vós que esta era a designação árabe dada a estes mesmos territórios, quando os mouros os possuíam no século VIII?

Não é justo, excelentíssimos! Não é justo! Entregarmos, conscientemente, o domínio dos nossos territórios, conquistados com tanta luta!

Não pensem que eu sou desumano, que sou desprovido de sentimentos, de carinho, de aceitação. Eu sou um jovem como tantos outros. No entanto, diferencio-me devido ao meu modo de pensar, de crer, de lutar, de amar. Eu rejeito todo o tipo discriminação, de intolerância, de incompreensão.

Controverso, não é? Pensar deste modo e escrever uma carta desta estrutura.

No entanto, pensem comigo: o que são eles? Nada mais, nada menos que seres (que não denomino de humanos) infestados de imoralidade, descriminação, ódio e malevolência, que resultam nas centenas de mortes que ocorrem ao longo dos últimos tempos, nos massacres, nas torturas constantes, para as quais caminhamos, graças a esses barcos que vós decidistes acolher.

É por esta altura que vos ocorre o desejo de me responder aquela tão ouvida lengalenga:

– O estado islâmico é um grupo reduzido! Nem todos os muçulmanos são extremistas!

No caso de ser essa a vossa resposta, deixem-me que vos transmita uma ideia muito importante que preservei do discurso de Brigitte Gabriel, após uma muçulmana a interpelar sobre o facto da sua religião ser vista com tanto desdém.

Segundo um estudo realizado, existem 1,6 biliões de muçulmanos no mundo. Entre 15% a 25% são radicais. Os restantes 75/85% são pessoas pacíficas.

No entanto, excelentíssimos, quando olhamos para esses 15 a 25 por cento, estamos falando de cerca de trezentos milhões de muçulmanos dedicados, piamente, à destruição maciça de seres humanos inocentes que, têm como crime, não corresponderem aos seus estereótipos, às suas leis impostas, às suas imoralidades que, perante o desejo de tornar a lei Islâmica de Sharia global, os move a aniquilar indivíduos em grande escala, procurando a destruição da civilização ocidental.

Continuando, face a esta questão do contraste maioria/minoria, excelentíssimos, as nossas preocupações partem dessa pequena escala. Vossas excelências podem inquirir porque razão sobrepomos esse número de radicais sobre o número de vidas que, quiçá, poderemos salvar da destruição total. Mas se o fazemos, excelentíssimos, é porque essa pequena percentagem de radicais extremistas, é a percentagem que mata, decapita, enforca, massacra!

Num contexto histórico-cultural, como expõe Brigitte Gabriel, poderemos verificar um constante círculo vicioso, meus senhores. A maioria alemã era pacífica. No entanto, bastou a influência de um só homem, de nome Adolf Hitler, para que 60 milhões de pessoas fossem levadas ao perecimento, ou seja, a maioria pacífica foi irrelevante; a Rússia, de igual modo, tinha uma maioria pacífica. Todavia, levou à exterminação de 20 milhões de pessoas sendo, pois então, ignorada a maioria pacifista.

Continuando, meus senhores, pela história, temos também a China. A maioria dos chineses, são também pacíficos. Contudo, nada os impediu de levar 70 milhões à morte, ignorando, uma e outra vez, a maioria pacífica; os japoneses antes da segunda guerra mundial, maioritariamente pacíficos, conduziu 12 milhões à morte, a maioria com baionetas e pás; no atentado de 11 de Setembro, viviam 2,3 milhões de muçulmanos nos Estados Unidos da América. Bastaram apenas 19 radicais para destruir o World Trade Center, matar três mil americanos, colocando, como a própria diz, “a américa de joelhos”.

Resumindo, a maioria pacífica, como está aqui representado, é sempre ignorada e nada impede o mal de acontecer.

E já que estamos numa de colocar questões, pergunto-vos, excelentíssimos: num navio com 400 refugiados, aceitá-lo-iam, sabendo que nele viajavam Adolf Hitler, Osama Bin Laden, Joseph Stalin, Saddam Hussein, Polt Pot, Idi Amin Dada, Benito Mussolini? Com certeza que não, excelentíssimos. Então porque insistem em receber estes refugiados?

O nosso Portugal, ao longo dos últimos anos, tem exportado jovens recém-licenciados devido às altas taxas de desemprego. Tal como em tempos de guerra, muitas mães e pais choraram vendo partir os seus mais que tudo, rumo ao desconhecido. Quanta dor esta alma Lusitana sofreu!

Assim sendo, não deveríamos lutar por nos reerguer? Como vamos erguer de novo o nosso Portugal, importando refugiados de uma índole tão baixa quanto podemos visualizar nos telejornais, revistas, documentários que o mundo nos oferecesse?

Existe uma especial preocupação que me lesa e que, mesmo sendo evidente, é menosprezada pelo público em geral: uma terceira guerra mundial! Ainda que pareça um cenário inverosímil para muitos, excelentíssimos, é uma veracidade para outros, dos quais se destacam o prémio nobel da literatura alemã, Günter Grass.

Grass referiu, numa entrevista dada ao DN, que acredita que essa terceira guerra já começou há muito, excelentíssimos. E eu, sendo aluno de História A, não deixo de aprender factos que o comprovam cada vez mais, tornando essa eventualidade, um fato irrefutável.

Excelentíssimos, pensai comigo: A falta de emprego, a incapacidade dos governos para satisfazer as necessidades básicas dos cidadãos, o constante aumento da criminalidade, a ininterrupta troca de cidadãos de pátria em pátria, a perda de valores, de ética, de moral; de que estamos à espera, excelentíssimos?

Como podeis vós querer doutrinar o povo para a (falsa) solidariedade, quando não dão o exemplo da mesma pela vossa progenitura regional?

Deixemo-nos de casos abstratos e passemos a casos reais; Grécia, França, Londres, Alemanha, Suíça.

Na Grécia, o ambiente está descontrolado; na ilha Grega com o nome de Lesbos, os “refugiados” estão a invadir casas e a destruir propriedade pública. Os habitantes nativos estão a passar por uma agonia indescritível.

Na França, relatos de emigrantes que trabalhavam, lutavam pela sua vida e, à chegada dos refugiados, se viram a perder tudo, sendo vandalizados, expulsos daquilo que eles construíram com o suor do seu trabalho e com as lágrimas das suas despedidas.

Ainda na França, temos o caso do Jornal Charlie Hebdo, onde doze pessoas foram mortas e onze foram feridas. Foram vinte e três pessoas sacrificadas, por uma minoria de duas. Uma minoria armada, tapada, que fez jus à sua demanda de globalizar o seu profeta, Maomé.

Em Londres, um residente local filmou a sua ida a um local de infância. No entanto, a única visualização de infância é a estrada, pois o local foi todo tomado pelos muçulmanos. Esses mesmos muçulmanos que rejeitam os costumes, a cultura dos países que os acolhem e deitam abaixo prédios e casas para construir mesquitas, para pregar a sua palavra de ódio e vingança global.

Na Alemanha, estudantes alemães, a quem foi imposta a obrigatoriedade de usar roupas que tapem toda a sua pele, medida tomada tendo por base o repúdio dos refugiados pela sua cultura de vestuário. Para além dessa enorme falta de coerência, apresenta-se a rejeição de comida e bebida, e profanação da mesma, por conter, na sua embalagem, uma cruz.

Na Suíça, o pedido de retirada da cruz da bandeira, existente desde 1848.

Mas afinal quem são eles? Deuses a quem devemos total vassalagem, de tal modo que somos néscios o suficiente, a ponto de mudar quem somos, o que construímos, o que nos define, meramente pela falta de aceitação dos muçulmanos?

Que falta de coesão é esta, excelentíssimos? Como consentir tamanha insubordinação perante quem os acolheu e salvou da sua própria guerra e rotura?

É isto que quereis, Senhor Presidente Miguel Albuquerque? É isto que quereis, demais governantes e apoiantes? Trazer a morte à vossa pátria, ceder aos seus maliciosos caprichos, destruir a pérola do Atlântico?

Imploro-vos uma resposta!! Quereis, excelentíssimos, ver igrejas explodidas, cristãos chacinados, homossexuais decapitados, “infiéis” torturados, casas furtadas, chãos manchados com o sangue do nosso povo?

Sei bem que tudo isto parece improvável e o desejo de denominar de loucura ou tempestade num copo de água, vos deve invadir. Mas recordai, excelentíssimos: a história é um círculo vicioso. Tudo se repete. Hitler no poder? Improvável. Euro, uma desgraça? Impossível. Formação do Estado Islâmico? Ridículo. No entanto aconteceram.

Já diz o velho ditado: O pior cego é aquele que não quer ver. Excelentíssimos, não fechem os olhos ao que está à frente dos vossos olhos. Não nos deixem cair no inferno, ainda em terra!

Com os maiores cumprimentos,

Miguel Nóbrega”