Os meus pais, leitores assíduos, transmitiram aos filhos o gosto pela leitura, por isso decidi escrever sobre os livros que li em seis décadas de existência…muita leitura feita, por vezes adequada à idade, outras, nem tanto.

Assim, logo que aprendi a ler, o meu mundo foi povoado por sapos que se transformaram em príncipes jovens e lindos, predispostos a casarem com raparigas simples, mas muito bem comportadas…também apareceram as terríveis bruxas velhas de nariz adunco prontas para as piores maldades, enfim um mundo fictício onde fadas boas e más me fizeram crer que se me portasse convenientemente não acabava num caldeirão.

Cresci um pouco e eis Enid Blyton a tomar conta da minha natural propensão para a fantasia, de facto, para além das aventuras fantásticas, acompanhadas de lanches excelentes, eu imaginava-me a encontrar tesouros e a ser responsável pelo fim dos malfeitores.

Devo dizer que enquanto isto acontecia, acontecia a banda desenhada, que coexistia com estas leituras.

Mas chegou o Liceu e com ele as leituras mais complexas e, foi aí, que eu descobri o quanto a leitura era parte da minha vida, nunca me importei se o livro era grande ou pequeno, nunca fui ver quantas páginas tinha e, de repente, um mundo mais sério abriu-se e, sem recorrer a qualquer tipo de seleção apareceram-me romances que falavam de coisas extraordinárias: Hermengarda que meia enlouquecida dizia poemas do seu amado Eurico; Dâmaso que personificava até ao excesso o ridículo do parecer sobre o ser; Maria que morria de vergonha por seus pais não terem salvaguardado a honra e também um povo (gaibéus) que se movia no seu país por falta de condições…

O tempo foi-me trazendo um vício do qual, felizmente, não me libertei, logo, onde quer que esteja o livro acompanha-me e ajuda-me a superar tudo.

Li empenhada os livros propostos no ensino secundário e universitário, li para além deles, consigo deslumbrar-me com certos escritores e obrigo-me a ler com o intuito de conhecer mais e melhor o mundo que me rodeia. Tenho escritores de eleição: Eça; Saramago; Roth e claro, Garcia Marquez entre muitos outros.

Sinto que me cumpri como leitora e não quero descansar deste meu maravilhoso hobbie.