Os cães e os gatos têm um “efeito mágico’’: como os animais de estimação podem melhorar nossa saúde mental numa sociedade cada vez mais acelerada, individualista e solitária? Os companheiros caninos e felinos desencadeiam caminhos neurais semelhantes ao vínculo entre pais-bebé, e reduzem a solidão e a depressão.
O valor terapêutico do nosso relacionamento com nossos animais de estimação, principalmente cães, é cada vez mais reconhecido pelos investigadores. Os gatos também podem ser maravilhosos, mas os cães foram domesticados por seres humanos há muito mais tempo e, como até mesmo os amantes de gatos admitem, os cães são muito mais fáceis de treinar para nos fazer companhia. A maioria dos gatos, como sabemos, é admirável por razões completamente diferentes. Os cães amam-nos incondicionalmente. Eles são os melhores amigos em igualdade de oportunidades – totalmente indiferentes à raça, sexo, signo, currículo, estatuto ou poder. A simplicidade e a profundidade desse amor são uma alegria contínua, juntamente com os benefícios de saúde dos passeios diários e as conversas com outros proprietários de cães. Eles ensinam as crianças a serem responsáveis, altruístas, compassivas e nos piores momentos como lidar quando alguém que amamos morre.
Um pequeno estudo recente de ressonância magnética funcional do cérebro em 18 mulheres mostrou respostas semelhantes em regiões envolvidas em recompensa, emoção e afiliação quando as mulheres observaram imagens de seus filhos e cães de estimação.
Passar tempo com um animal aumenta os nossos níveis de oxitocina, dopamina e serotonina, coletivamente conhecidas como “hormonas da felicidade” porque promovem uma sensação de bem-estar e de contentamento.
Uma investigação levada a cabo pela Universidade de Pádua constatou que as pessoas de mais idade que estão em lares tinham menores níveis de depressão e uma melhor qualidade de vida depois de cuidarem de um canário durante três meses. E, de facto, o canto dos pássaros melhora mesmo a nossa saúde mental.
Um outro estudo apontou que, depois de dez semanas em terapia assistida por animais, os doentes com esquizofrenia tinham reportado melhorias na adaptação hedónica, que está ligada à capacidade de sentir satisfação.
Numa outra pesquisa, investigadores canadianos demonstraram que um cão de terapia também faz toda a diferença no alívio da dor, ansiedade e depressão.
As interações sociais são muito importantes. A pandemia fez mossa na nossa saúde mental e o distanciamento social teve impacto, especialmente nos adultos que já sentiam solidão.
A solidão atinge atualmente três em cada cinco norte-americanos e nove milhões de britânicos, podendo ser tão perigosa como fumar 15 cigarros por dia, o que a torna uma séria ameaça à saúde pública.
Segundo um recente estudo de mercado nos EUA, conduzido pelo HABRI (Human Animal Bond Research Institute) em colaboração com a Mars Petcare, 80 por cento dos donos de animais de companhia dizem que o seu animal os faz sentirem-se menos sós.
A solidão está também associada a um risco acrescido de stress. O stress é uma resposta do nosso corpo quando nos sentimos sob pressão ou ameaçados. Por isso, todos nós acabamos por sofrer de stress de tempos em tempos – mas isso pode ser problemático caso venha a tornar-se crónico, dado que quando a exposição excessiva a hormonas do stress, como o cortisol, pode ter um impacto negativo na nossa saúde física.
Têm sido publicados estudos que mostram que a interação com animais pode reduzir os níveis de cortisol no nosso organismo – e um deles foi realizado por uma equipa de investigadores de Washington State Universidade, que constataram que os alunos que interagiam com cães tinham menos níveis de cortisol na saliva do que aqueles que apenas observavam essa interação.
Já se demonstrou também que os cães podem ajudar pessoas que sofram de Perturbação de Stress Pós-Traumático (PSPT). Os cães de serviço de pessoas com esta perturbação são treinados para terem determinados comportamentos, como acordar o dono quando está a ter pesadelos noturnos e oferecer estimulação tátil durante ataques de ansiedade.
Num outro estudo, os militares veteranos que passeiam com cães de abrigos mostraram sentir menos stress do que os veteranos que passeavam com pessoas.
Uma perturbação comum associada ao stress é a ansiedade, que se caracteriza por sentimentos de preocupação ou medo. Mas já há estudos que comprovam que os animais são uma ajuda preciosa – e um deles concluiu que interagir com animais pode reduzir tanto os traços de ansiedade como os estados de ansiedade.
Num outro estudo, realizado com crianças, constatou-se que os seus níveis de ansiedade diminuem depois de interagirem com um cão. Além disso, nas crianças em idade escolar são uma ajuda redobrada pelo efeito calmante que têm.
Há muitos mais estudos que se têm debruçado sobre os possíveis benefícios da interação com um animal. E todos eles concluem que essa interação ajuda ao bem-estar mental.
Assim em momentos de crise quando estamos mais em baixo são os nossos companheiros que nos podem ajudar.
Se ainda não tem um amiguinho de 4 patas, pondere adotar. Terá uma vida mais enriquecida e emocionalmente mais estável.