Bombeiros não se poupam a esforços para salvar animal em ribeira do Funchal

Luís Rocha (texto e fotos)

Há “faits-divers” do quotidiano que exprimem todo o esforço e dedicação de determinadas classes profissionais e dos indivíduos que as compõem – muitas vezes menosprezados na escala social e prejudicados nas suas próprias carreiras. Mas os actos falam por si. O FN gostou de ver todo o esforço colocado pelos Bombeiros Voluntários Madeirenses, esta noite, na recuperação de um pequeno animal.

Tratava-se tão somente de um gato, desaparecido há dois dias, e cujo jovem dono o avistara dentro da Ribeira de João Gomes. Os bombeiros responderam ao pedido, já passava das 11 horas, e lograram recuperá-lo ainda antes da meia-noite.

Não foi um trabalho simples, na realidade, assemelhava-se mais a procurar uma agulha num palheiro. O pequeno gato, assustado, escondia-se entre as pedras e a muita vegetação que se encontrava, como se pode ver, no leito da ribeira. Acobertado pela escuridão, julgando-se perseguido, o bichinho deu trabalho aos “soldados da paz”, que, além de terem de descer à ribeira em “rappel” com o auxílio de meios próprios para resgate em montanha, tiveram de procurá-lo insistentemente, servindo-se de lanternas e ajudados por colegas que procuravam localizar o animal de cima. Mas nada.

No final, acabou por ser providencial a ajuda de uns rapazes que se aproximaram da borda da ribeira, olhando para baixo, e cuja boa visão localizou o felino.

Com calma e paciência, os bombeiros lograram então apanhá-lo, envolvê-lo numa rede e, com todos os cuidados, colocá-lo dentro de uma caixa própria para o transporte de animais, que depois foi puxada, mais uma vez cuidadosamente, do leito da ribeira para a zona da estrada.

O animal foi devolvido ao seu dono e a missão foi discretamente cumprida.

Bastam dois dedos de testa para extrapolar o valor destes homens e mulheres para outras situações. Se desenvolvem todos os abnegados esforços a que esta noite assistimos para salvar um pequeno animal, a que trabalhos não se pouparão na hora de ajudar ou salvar pessoas? E aos madeirenses, e também aos estrangeiros que nos visitam, não faltam exemplos de como o seu auxílio se mostrou determinante em momentos difíceis.

O FN deixa, portanto, um bem haja e uma saudação a todos estes “soldados da paz”. Há quem os diminua, quem ache que não precisamos assim tanto deles, nem em tão grande número… Nós não nos contamos, certamente, entre esses. Um só homem (ou mulher) destes vale por cem engravatados.