Veleiro “Danmark” é embaixador flutuante do bordado Madeira

Rui Marote
Há que dar a conhecer episódios interessantes do dia-a-dia ou meras curiosidades às gerações vindouras, para que a história não se apague. O “Danmark” é um veleiro que navega há 87 anos. A viagem inaugural foi em 1935 e o seu primeiro porto de escala foi a Madeira. Este é um veleiro cuja silhueta é desde há muito conhecida dos madeirenses, pelas inúmeras visitas à Pérola do Atlântico. As Bodas de Ouro foram comemoradas em Setembro de 1985 na ilha.
Tem a missão de formar cadetes para a marinha mercante dinamarquesa e desde 1985, quando era comandante Kaare Foshammer, integrou pela primeira vez raparigas.
Os jovens cadetes, em contacto com o mar através de aulas práticas, procuram integrar-se no meio marítimo juntando a teoria à sua aplicação. Em 1965 o bordado Madeira integrou o inventário deste veleiro.
No seu salão principal, as cortinas que o decoram são bordado Madeira. Na altura, a esposa do comandante Otto Bentsen tirou as medidas e encomendou em segredo, oferecendo posteriormente ao “Danmark” as cortinas bordadas por “mãos de fada” madeirense.
foto Portos da Madeira
O nome da Madeira e os seus bordados são assim levados até longínquas paragens. Como diz a letra do nosso hino, “Por esse Mundo além Madeira teu nome continua”.
Em Brasília numa das salas do Palácio do Planalto, a toalha de mesa do salão de jantar é também de bordado Madeira. Em finais dos anos 60, foi necessário aumentar o comprimento da toalha, cujos desenho eram araras. Foi necessário chamar um desenhador de bordados madeirenses radicado no Rio de Janeiro para executar essa extensão.
Hoje o bordado está em “extinção” e as mãos de fada estão a desaparecer. O Vinho Madeira é agora o nosso maior emblema. Mas oferece-se, bebe-se e cedo é esquecido.