Viagens: Khiva, a pérola maior da Rota da Seda

Iniciei a minha “Rota da Seda por Khiva, cidade a norte do Uzbequistão à qual que dediquei 3 dias. Viajei de avião de Tashkent para o aeroporto Urgench, que dista 46 km de Khiva. O voo teve uma duração de 1h30. Escolhi ficar hospedado numa cidadela, denominada Itchan Kala (centro histórico de Khiva). A viajar pela primeira vez na companhia aérea de bandeira, cheguei a pensar que seria um Tupolev, mas não, pelo contrário: são aviões Airbus. A bordo chá, café e água. A temperatura irá em breve subir aos 37 graus nesta urbe.

No terminal dos voos domésticos, na sala de embarque, resolvi despertar com um Capuccino duplo (uma verdadeira banheira de café). Ao efectuar o pagamento, porém, fui supreendido: paguei mais do dobro que o transporte de táxi do hotel ao aeroporto, cerca de 15 km por 2 euros. Já o Capucinno custou quatro…

Aqui ninguém anda” mascarado“ contra o coronavírus. Nos transportes públicos, no metro, autocarro, táxi, aeroportos e aviões, os ubzeques riscaram do dicionário a palavra máscara. São excepções as mulheres muçulmanas, mas mais devido ao costume religioso, e o ilhéu Rui Marote que cumpre as palavras do nosso “oráculo” Pedro Ramos: “Temos de viver com o vírus, lavando as mãos e usando a “mascarilha“…

Cheguei a Khiva: continua habitada, movimentada, é  impossível um viajante não se apaixonar. No trajecto até chegar à cidade muralhada, o cenário  é de rebanhos de ovelhas a pastar, de plantações de damasco, de trabalhadores a colher algodão quando surge à minha frente uma verdadeira jóia no meio do deserto.

Uma cidadela que sobreviveu às investidas dos mongóis e ao domínio soviético, conseguindo-se preservar arquitetonicamente ao longo dos tempos de uma forma quase milagrosa. As ruas são empedradas, como uma cidade museu. Há mesquitas do século X até século XVIII, quatro portas conservadas, enfim, é uma cidade cheia de histórias para contar.

Diz-se que o nome da cidade está ligada a um filho de Noé, o da Arca: uma lenda conta que quando aqui chegou esse homem, com as terras quentes e secas, decidiu ajudar as pessoas a encontrar água. Conseguiu-o, e ao dar com um poço com água fresca exclamou “khei-va” querendo dizer “que saborosa”. Assim terá surgido o nome da cidade: Khiva. Uma curiosidade: esta era a última etapa das caravanas antes do deserto, em direcção ao Irão. A muralha de dez metros de altura protege a cidade velha chamada Itchan-Kala.

Podemos admirar  a beleza de Kalta  Minor, que significa Pequeno Minarete. Há 18 minaretes no interior da fortaleza, incluindo o maior do Uzbequistão. Mas o Minarete Azul, próximo da entrada principal tornou-se um verdadeiro ícone de Khiva.
O minarete tem 29 metros de altura, mas na realidade não chegou a ser concluído. O plano original era construí-lo com uma altura de 70 a 80 metros. Deveria ser o maior da Ásia Central.

A sua construção data do início de 1850, mas as obras pararam quando o dirigente que o tinha encomendado morreu numa batalha. É também designado Minarete Azul ou inacabado.
Khiva tem muitos filhos célebres. Um deles é nada menos que Al-Khwarizmi, da área da matemática conhecido como o pai da álgebra e de cujo nome deriva o termo “algarismo”.

Outro nome importante é Al-Bruni, um homem que dominava as ciências da astronomia, matemática, geografia e história.

Ao longo da minha estadia, destaco a incrível Mesquita Juma, os minaretes Islam Khoja e Kalta-Minor, a Fortaleza Kunya-Ark, o Mausoléu Pakhlavon Mahmoud. e os palácios Tash Khovli e Isfandiyar. A não perder.