Estepilha: “Já dei tudo” ao SEF, mas nem assim facilitam…

Rui Marote
Hoje o Estepilha volta à “carga” repescando uma notícia publicada recentemente, mas que continua na ordem do dia: os entraves colocados pelo SEF ao funcionamento do porto do Funchal. A canção de Paulo Gonzo encaixa adequadamente: Dei-te quase tudo/ E quase tudo foi demais/ Dei-te quase tudo/ Leva agora os teus sinais… Ver notícia no link abaixo:
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras está sempre a criar pormenores, ao contrário de outras forças de segurança. No que diz respeito às áreas relacionadas ao bom desempenho dos serviços públicos, o Governo Regional envia os projectos, para que essas forças possam sugerir alterações ou efectuar sugestões na altura da construção.
Assim aconteceu na construção da Gare Sul. O SEF recebeu o 1º andar da ala central, tornando-se “dono” da varanda virada para a baía, impedindo o acesso a esse corredor, declarando-o como área reservada, em que os serviços ou funcionários dos Portos tinham de comunicar o seu acesso.
Na altura estava destinada uma área à entrada da gare no rés-do-chão ao lado das escadas rolantes, que o SEF nunca aceitou. Ainda hoje está encerrada. Um dos pormenores levantados era o espaço do gabinete do chefe (que tinha as mesmas dimensões dos restantes gabinetes das outras entidades).
Na nova gare Norte, no Cais 6, a APRAM voltou a enviar os projectos para a GNR, Polícia Marítima, Alfândega e SEF, para que pudessem apreciar, e sugerir alterações.
Recordamos que o cais Norte nada tinha, nem sequer casas de banho, e os funcionários portuários estavam ao vento, ao sol e à chuva. As forças fiscalizadoras abrigavam-se a bordo dos navios, onde montavam o seu “estaminé”, e eram obsequiadas com café ou chá oferecido pelo staff. Utilizavam as casas de banho dos paquetes.
Hoje é diferente: a nova gare “deveria” funcionar com todos os departamentos ali instalados porque está equipada com os requisitos necessários.
O governo regional deu as ferramentas para que tudo funcionasse sem problemas.
Na gare Sul, recentemente, o governo aquando da nova cobertura do edifício, aproveitou para dar novas instalações ao SEF no lugar certo, a porta de entrada, uma vez que as “famigeradas” mangas deixaram de existir (ou melhor, nunca existiram ou funcionaram realmente). O que é caricato é o “mini-tour” que o SEF está a efectuar dos passageiros ou tripulantes desembarcados no cais Norte para o cais Sul, em carrinha da APRAM.
Em 1979, recordo, um grupo de jornalistas foi convidado para visitar as ilhas Canárias, regressando ao Funchal a bordo de um navio em viagem inaugural entre as duas regiões autónomas. Viagem essa que não passou da primeira (e única).
Ao regressarmos, era um domingo, e a Alfândega não funcionava no barracão da Pontinha. As nossas malas foram transportadas para a Alfândega do Funchal, que estava encerrada. Lembro-me que nesse dia tinha chegado ao Funchal o novo director, que residia no edifício alfandegário, e que amavelmente inspeccionou e desalfandegou as nossas malas.
Tudo isto é passado. Ninguém dava nada a ninguém, nessa altura. Hoje os governos regionais colaboram, constroem e oferecem as ferramentas para que tudo funcione. Mas nem mesmo assim.
Já agora, o Estepilha aproveita para recomendar ao “regedor da Sé”, que tem o “carimbo” sempre pronto, que o utilize também neste caso, uma vez que as gares e as instalações do SEF estão na área da Junta.
Ao contrário da canção “Dei-te quase tudo” Miguel Albuquerque já deu mesmo tudo ao SEF e nem assim esta polícia facilita. Estepilha!