Iate Catherine “jaz morto e apodrece” no Porto Novo

Rui Marote
O iate “Catherine” está lamentavelmente abandonado no calhau do Porto Novo, debaixo da ponte.  A embarcação foi doada à Região pelos emigrantes Joe Berardo e Tony Barradas.
A Direcção Regional de Desportos recebeu o “presente” e mais tarde o CTM (Centro Treino Mar) foi o fiel depositário. A finalidade era colocar em prática a aprendizagem da arte de velejar.
Anos depois, esteve em doca seca na rampa de São Lázaro, para reparações, caindo no abandono.
Com as obras projectadas para aquele espaço, o iate, que já tinha sido alvo de vandalismo e pilhagem, foi transportado para o calhau do Porto Novo.
Envolvido numa serapilheira, tal como no conhecido poema de Fernando Pessoa, “jaz morto e apodrece” junto a um dos pilares da ponte.
O Funchal Notícias esteve neste “cemitério” e registou algumas imagens do iate “sem abrigo” que está envolto numa saca verde. No casco apresenta mostras de que está há muito para receber pintura.
Tudo o que é latão, foi “levado pelo vento”, ou pela cobiça desejada e consumada. O “Catherine” jaz no Porto Novo ainda à espera das últimas exéquias.
Recordamos que nos anos oitenta do século XX, nas famosas conferências mensais que o governo efectuava na casa do Santo da Serra, foi levantado um problema idêntico.
Era então secretário regional das finanças Suzano de França, e em São Lázaro apodreciam os barcos da “Madeira Seafaris”, por dívidas à banca, em que o governo era o fiador.
Foram as imagens da autoria do hoje repórter fotográfico do FN, publicadas nessa época no “Jornal da Madeira”, que apressaram o processo e evitaram que esses barcos fossem dados como irrecuperáveis para a pesca desportiva.
Quanto ao “Catherine”, julgamos que não terá salvação possível, nem sequer direito a Extrema Unção…